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Marília Ruiz

Sindicato dos Atletas: 'Hoje somos contra a volta do futebol'

30/04/2020 15h26

Enquanto CBF, Federações e clubes se articulam para o retorno das atividades na semana que vem, o Sindicato dos Clubes do Estado de SP considera ainda prematura a volta dos treinos e a remarcação das datas para jogos.

"O que eu posso dizer é que hoje, 30 de abril, não há a menor condição de isso acontecer. Estamos pautados nas informações médicas, científicas e também nas ordens do governador João Dória (PSDB-SP) e de vários prefeitos do Estado. Claro que queremos a volta do futebol. Mas a saúde dos atletas é o mais importante", disse Rinaldo Martorelli, presidente do sindicato, em entrevista exclusiva.

Assim como os clubes da Série A1 do Estado, conforme antecipado ontem neste BLOG, o sindicato foi convocado a participar da reunião da FPF na próxima segunda-feira para tratar da retomada das atividades dos clubes. "Vamos participar da reunião e vamos como sempre defender os direitos dos atletas. Temos estruturas diferentes nos clubes, temos jogadores com pessoas do grupo de risco em suas casas... Os atletas querem voltar. Mas não de qualquer jeito."

Segundo o presidente da FPF, Reinaldo Carneio Bastos, a volta seria pautada pelo protocolo que vem sendo preparado por Moisés Cohen (representante da entidade) em conjunto com os médicos dos clubes (leia mais no post anterior). A convite da FPF, o sindicato possui um médico como observador dos trabalhos do grupo. O neurologista Renato Anghinah, escolhido para função, disse que o trabalho chefiado por Cohen é "excepcional" e "absolutamente científico", mas não trata de datas nem de prazos. Estritamente médico, o documento (ainda inacabado) traz diretrizes para a retomada gradual da atividade física. Segundo Anghinah, é improvável que um médico aceite alguma data como segura para a volta do futebol. Para ele, ao contrário, o mais provável é que se vete qualquer aglomeração ou esporte de contato no curto prazo, pelo menos.

"O grupo de trabalho tem sido impecável. A minha participação é como observador do sindicato. O clima é muito amistoso, todos pensam em conjunto na volta das atividades dos clubes. Mas ficar data é irreal. Diria que hoje ainda é uma fantasia.

Como médico, digo que é um chute, uma opinião. Ninguém tem certeza nem data absolutamente resolvida. Estamos no meio de uma ascensão brutal da curva de casos de coronavírus. A flexibilização das restrições é improvável. Ao contrário: há um movimento para tornar ainda mais restritas as regras de isolamento social. Como o futebol pode ter um raciocínio oposto? Independentemente dos médicos, há os órgãos (governo do Estado, Prefeituras) que impediriam o retorno imediato", disse Anghinah.

Perguntado sobre qual é hoje a sua recomendação para o sindicato, a quem representa no grupo da FPF, Renato Anghinah foi taxativo: "Hoje é a de seguir a recomendação da Organização Mundial de Saúde: que se mantenha o isolamento social."