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Marília Ruiz

Representante de patrocinadores propõe futebol sem torcida e 'sacrifício'

09/04/2020 04h00

Especialista em marketing esportivo e diretor de uma agência que representa patrocinadores de Corinthians, Palmeiras e Santos, Fábio Wolff defende a volta urgente do futebol para amenizar a crise dos clubes.

Em entrevista ao Blog, Wolff confirmou a notificação extrajudicial de suspensão dos acordos durante a paralisação do futebol, mas destaca que as conversas têm sido amistosas. "Os clubes entendem que as contrapartidas dos contratos não têm sido entregues, e os patrocinadores estão cientes que a situação é alheia à vontade dos clubes. Estamos conversando", disse. "Já conseguimos, em caso pontual, manter o pagamento mediante o prolongamento do acordo", completou.

Para Wolff, os clubes e as federações precisam rapidamente se reunir e desenhar estratégias comerciais. "Em função da rivalidade e da diferença entre os clubes, é muito difícil eles abraçarem a mesma causa. Porém, em função das últimas notícias (como a suspensão do pagamento das cotas de TV), é o momento de os clubes se unirem com a CBF e as Federações locais para traçar cenários. O futebol precisa voltar."

Sobre cenários, ele aponta que a volta dos torneios com portões fechados seria a solução possível, apesar de não ser ideal. "Qual que é o impedimento de se fazer um jogo com portões fechados? São os 2 times: então vamos fazer teste nos dois times, nas comissões técnicas... Vai para o jogo, depois do jogo já volta direto para a concentração e fica concentrado para o próximo jogo. Paciência. Ninguém gostaria que fosse assim, mas ao mesmo tempo existe contratos, existe obrigações..."

Wolff acredita que a crise se agrava a cada dia com a bola parada. E é solidário com os clubes, os mais afetados. Defende, inclusive, que os atletas participem das conversas e também entrem no "sacrifício", na divisão dos prejuízos causados pela pandemia. "Os clubes estão passando por um momento muito difícil. Não estão recebendo o dinheiro mais importante da sua arrecadação, que é o dinheiro da TV. Os clubes não estão recebendo, vão ter dificuldade para pagar salários e os jogadores, na minha opinião absurdamente, não aceitaram uma redução de salário. É um absurdo. Veja no mundo inteiro o que está acontecendo: o Barcelona, liderado pelo Messi (cortou); na Juventus... Todo mundo tem que ceder nesta hora. Os clubes, neste momento, estão sendo bem prejudicados."

Assista aos trechos da conversa com Fábio Wolff.