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Marília Ruiz

Leila Pereira: a mulher mais poderosa do futebol brasileiro

Leila Pereira, dona da Crefisa, e foto de maio de 2017 - Newton Menezes/Folhapress
Leila Pereira, dona da Crefisa, e foto de maio de 2017 Imagem: Newton Menezes/Folhapress

08/03/2020 04h00

Pode procurar nos 20 clubes da Série A. Pode procurar nas federações. Pode procurar na CBF e no seu departamento de futebol feminino tão cheio de homens. Não há nada parecido com o poder e a influência exercidos por Leila Mejdalani Pereira, 55, conselheira e presidente da principal patrocinadora do Palmeiras.

Mas o personagem constante no noticiário do clube não combina com essa simplificação.

De trajetória improvável, a carioca de Cabo Frio desembarcou em São Paulo há pouco mais de 20 anos depois de casamento com o também conselheiro palmeirense, José Roberto Lamacchia, cujo amor e devoção ao Palmeiras a inspiraram a patrocinar o clube. "Estava tomando um café com ele em um sábado de manhã no final de 2014. O Beto (marido) reclamou de alguma coisa do clube e eu perguntei: mas o que você faz para ajudar? Daí tive a ideia. Liguei no PABX do clube e pedi para falar com o presidente. Claro que não me passaram. Mas eu liguei de novo, pedi o telefone do departamento de marketing, liguei de novo. Até que consegui uma reunião com o então presidente (hoje desafeto, Paulo Nobre) na segunda-feira seguinte no CT. Foi assim que tudo começou."

E esse tudo é muita coisa.

Uma ascensão meteórica dentro do clube: milhões de reais investidos, uma histórica votação na eleição para o Conselho, alguns desafetos importantes, títulos e uma popularidade tão inesperada quanto desejada (e invejada por seus pares).

O lugar que hoje Leila Pereira ocupa no futebol não é ocupado por nenhuma outra mulher. "Fica prepotente eu dizer que sou mais importante. Por que eu sou isso? Porque sou dona da empresa que faz um patrocínio muito grande (cerca de R$ 100 milhões por ano). Eu não quero ser um modelo. Mas que as mulheres olhem para mim: sou carioca, entrei para um clube que todo mundo diz que é extremamente machista, fui eleita a conselheira mais votada da história do clube. Se Deus quiser e os associados me derem essa honra novamente, serei reeleita conselheira e estarei apta a disputar a presidência do maior campeão do Brasil. As mulheres podem tudo", recita sem afetação.

Não há falsa modéstia. Não há mesmo traço de prepotência nem de feminismo panfletário.

"Se algum dia eu chegar à presidência do Palmeiras, em hipótese nenhuma eu vou contratar mulheres porque são mulheres. Eu detesto isso. Detesto levantar bandeira. Gosto de levantar bandeira de profissionalismo, de capacidade, de competência."

O discurso da meritocracia é entoado com segurança e amparado por uma combinação de firmeza na voz para falar de temas ásperos e de sorriso no rosto para falar, quase romanticamente, do amor pelo Palmeiras.

O carisma é inegável, e as pretensões são altas: "Eu acredito muito na força do futebol. Através da mudança da mentalidade de um clube da grandeza do Palmeiras, você consegue mexer no futebol."

Em mais de duas horas de entrevista exclusiva, Leila Pereira falou do modelo que sabe que é para outras mulheres neste Dia Internacional da Mulher, de Palmeiras, dos memes que fazem com suas fotos e de como uma empresária de sucesso bilionária enxerga a falta de profissionalismo no futebol brasileiro. "É muito difícil porque você tem muitas barreiras. Uma coisa que implanto nas minhas empresas, não enxergo (como viável) no futebol", respondeu ela contundentemente.

Aliás a contundência e a rapidez nas respostas só não apareceram nas vezes que avaliou que o conteúdo poderia afetar a política interna do Palmeiras. Aí o ritmo diminuiu, as palavras foram mais bem escolhidas.

Aliada do presidente Mauricio Galiotte, Leila se mostrou sempre preocupada em não exceder seus limites de atuação como conselheira e patrocinadora. "Eu quero melhorar o futebol. Eu tenho certeza de que vou fazer a diferença. Mas eu não sou a presidente do Palmeiras."

Ainda não é.

Abaixo está quase a íntegra da longa entrevista concedida no mês passado, na sede da Crefisa, em área nobre de São Paulo. Não há edição nas respostas. Foram cortados apenas trechos repetitivos e a conversa informal que antecedeu a gravação.

Boa leitura! Segue o textão:

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MARÍLIA RUIZ: Você se considera a mulher mais importante do futebol brasileiro?

LEILA PEREIRA: Tudo que eu faço para o Palmeiras é de coração, sou muito coração. Sou muito transparente. Gosto de dar entrevistas porque sou isso que aparece aqui, nas minhas redes sociais... Fica prepotente eu dizer que sou mais importante. Por que eu sou isso? Porque eu sou dona da empresa que faz um patrocínio muito grande. Eu não quero ser um modelo. Mas que as mulheres olhem para mim: sou uma mulher carioca, entrei para um clube que todo mundo diz que é extremamente machista, fui eleita a conselheira mais votada da história do clube. Se Deus quiser e os associados me derem essa honra novamente, serei reeleita conselheira e estarei apta a disputar a presidência do maior campeão do Brasil.

É inegável que sua importância não tem a ver só com o fato de ser "muito coração". Sua importância tem a ver com sua empresa, com sua capacidade administrativa, com seu dinheiro, com sua liderança e também com seu carisma...Por isso eu pergunto sobre esse "poder". Não é só porque você torce pelo Palmeiras.

Verdade. É importante as pessoas saberem por que eu me tornei essa pessoa que sou hoje. Sempre fui torcedora, mas oculta como tantos milhões dos nossos torcedores. A partir do momento que eu comecei a patrocinar o clube, percebi que eu poderia ajudar muito mais do que só proporcionar um investimento. Quando eu comecei a investir, as pessoas começaram a me procurar para colaborar. Por quê? Porque eu sou empresária, eu administro uma das maiores empresas do Brasil, sou reitora de um centro universitário. Eu tenho experiência profissional. Isso é o que Palmeiras sempre procurou: profissionalizar o clube. Então eu comecei a colaborar com a minha experiência.

Como é ser uma mulher com tanto sucesso profissional e entrar para um ambiente ainda tão machista e pouco profissionalizado como o futebol? E não estou falando só do Palmeiras.

É difícil. É muito difícil porque você tem muitas barreiras. Uma coisa que implanto nas minhas empresas, não enxergo (como viável) no futebol. Mas o Palmeiras está caminhando para isso. Porém eu não sou a presidente do clube. Então eu tenho limites. Sou parceira do presidente (Mauricio Galiotte), tenho certeza de que ele faz o máximo que ele pode. Acho que a mudança tem que ser gradativa... Deixe-me explicar uma coisa: por que a Leila tomou esse vulto? O palmeirense estava muito carente, 2014 foi um ano muito difícil para o clube. Aparece uma patrocinadora em um momento difícil do clube, injetando um investimento como nunca foi feito no futebol da América, entendeu? Então eu comecei a perceber que eu poderia colaborar mais... Fui candidata a conselheira, fiz campanha para ser eleita, fiquei muito conhecida falando coisas que o torcedor estava querendo ouvir: essa mulher está vindo para ajudar meu clube. Eu não tenho interesse absolutamente nenhum. Queria ser uma conselheira, como nossos 280 conselheiros, para me envolver na política e ver como eu poderia colaborar cada vez mais. E eu pude, Marília! Eu pude. E o torcedor vê isso em mim. Ele confia em mim. Pode ter certeza: nunca vou decepcionar os torcedores."

No microcosmo do Conselho do Palmeiras, são apenas seis conselheiras mulheres. Você enfrenta machismo?

Eu pessoalmente nunca passei por nenhuma discriminação. Tanto não há esse preconceito comigo que fui a conselheira mais bem votada.

Mas você não acha que você foi blindada pelo "doping" de ser a patrocinadora que investe tantos milhões? Você é a primeira mulher que chega "perto" do futebol do clube...

Claro!

E como você analisa essa questão?

Será que nós mulheres não deveríamos esquecer mais essa questão de gênero. Todo mundo quer uma pessoa competente. Nas minhas empresas, por exemplo, eu tenho várias diretoras (ênfase no a). Não analiso gênero para promover ninguém. Quero gente competente.

Mas no futebol ainda não é assim...

Mas a gente tem que mudar isso. A gente pode mudar.

Então presidente do Palmeiras, que é uma grande possibilidade no curto ou médio prazo, você vai mudar isso? Vai conseguir reproduzir isso que você faz na sua empresa: diretoras mulheres, mulheres em cargos-chave, mulheres no departamento de futebol?

Primeiramente hoje sou conselheira. Para ser presidente do Palmeiras, preciso ser reeleita conselheira. Então isso sim: sou candidatíssima à reeleição para o Conselho. Sendo reeleita conselheira, posso pensar em ser candidata à presidência.

Depois de tudo isso, dá para mudar?

Eu acredito muito na força do futebol. Através da mudança da mentalidade de um clube da grandeza do Palmeiras, você consegue mexer no futebol. Essa é esperança que eu tenho. Que um clube com a grandeza do Palmeiras seja administrado profissionalmente e isso se reflita em outros clubes. Nós do Palmeiras podemos mudar a realidade do futebol brasileiro.

Então especificamente sobre a questão de equidade de gênero, caso você seja eleita, o Palmeiras seria pioneiro em mostrar avanços?

Não tenho dúvida alguma. Isso não existe para mim. É como na minha empresa. Aqui tenho mulheres em cargos importantes por causa de suas competências. E como tenho aqui, tenho certeza de que no futebol também há. Dentro do Palmeiras também existe. Por que elas não aparecem? Há mulheres muitos competente em vários departamentos que não aparecem mais porque trabalham com assuntos menos midiáticos. A Leila aparece por causa do futebol...

Aí que está... O futebol ainda é muito fechado.

Se algum dia eu chegar à presidência do Palmeiras, em hipótese nenhuma em vou contratar mulheres porque são mulheres. Eu detesto isso. Detesto levantar bandeira. Gosto de levantar bandeira de profissionalismo, de capacidade, de competência.

Ser conselheira, ser patrocinadora, ter essa interação com a torcida, estar sempre nos estádios: talvez seja um caso inédito até aqui. Você está em uma posição de acesso aos bastidores do futebol como nenhum outro patrocinador já esteve. Você acredita que como presidente poderia ajudar a melhorar o futebol como um todo?

O que eu acho é uma coisa básica: pensar em o que é melhor para o clube. Mas não da boca para fora: em todos os clubes há diretor e presidente falando isso. Mas o que eu falo aqui é de verdade. Fazer o melhor para o clube doa a quem doer. Se não é bom para o clube, dane-se. Se o procedimento não é bom nem lucrativo para o clube, não se faz! Dane-se. Se não é bom na minha empresa, está fora. Não vejo isso no futebol. Muitas pessoas não agem assim.

Um clube não disputa torneio contra si próprio. Há uma hierarquia, federações, confederações, outros clubes... Não adianta o clube A ser uma máquina ajeitadinha e continuar fazendo parte da estrutura pouco profissional e viciada do futebol brasileiro.

O que eu posso fazer é pelo meu clube. Antes disso preciso acertar meu clube. O Palmeiras pode ser modelo para outros clubes. Não posso prometer mudar a realidade do futebol do dia para noite. Posso mudar a realidade do meu clube do dia para noite a partir do momento que eu tenha poder para isso. E nós estamos indo para esse caminho com a atual gestão. É esse o caminho.

Você não acha que há uma lacuna, um vácuo de liderança entre os dirigentes de clubes para lidar com assunto de interesse de todos: calendários, tabelas, arbitragem. Você quando vê o Palmeiras desfalcado jogando em um campo esburacado depois de uma pré-temporada de menos de 15 dias não se incomoda com sua marca lá exposta?

Eu, como patrocinadora, como conselheira, não tenho esse poder. Como dirigente eu tenho essa vontade. Cada momento é um momento. Não posso exceder as minhas funções.

Mas é uma preocupação que você tem?

Claro. Mais do que preocupada com a minha marca. Eu fico preocupada com meu clube. Não existe exibição maior das minhas marcas do que quando meu clube conquista algum título. É para isso que eu luto. Não quero a exibição das minhas marcas em um Palmeiras mais ou menos. Eu entrei no Palmeiras com esse investimento para ver o time campeão. Futebol se faz com dinheiro. Esse negócio de 'bom e barato' (política adotada pelo seu hoje desafeto Mustafá Contursi) levou a gente para a Segunda Divisão em 2002. Eu não acredito nisso. Eu acredito em investimento bem dirigido. Foi para isso que nós entramos no Palmeiras. É para isso que eu luto dentro das minhas possibilidades. Não posso exceder. Tenho limite. Tenho que respeitar as decisões do presidente e da comissão técnica. Com isso eu não me envolvo nem nunca me envolvi.

Mas conversa?

Converso porque tenho muita liberdade, mas a decisão é do presidente e da comissão técnica.

Mas essa relação da patrocinadora com o clube, no que tange a investimentos e "presentes", mudou. Quanto de fato você se envolve nisso? Houve uma mudança clara da atuação do Palmeiras no mercado de transferências nesta janela do começo do ano.

Os investimentos anteriores, como todos vocês sabem, tiveram um aporte muito grande de dinheiro da Crefisa. É óbvio que nós conversamos. Não para decidir quem sim e quem não. Apenas sobre valores. O presidente perguntava: 'Leila, você pode contribuir? Não pode contribuir?'. Mas não sobre nomes. Não posso pegar essa responsabilidade para mim, Marília. O presidente não sou eu. Se acontecer um problema, a responsabilidade não pode ser minha. Como também os méritos também são todos do presidente quando dá certo.

Mas como conselheira você pode opinar sobre a política de investimentos do clube.

Óbvio. Claro que sim.

E a desse ano você considera saudável?

Muito. Acho que foi uma decisão muito importante reconhecer que o ano anterior não foi bom e dar uma recuada. Às vezes é importante recuar para dar passos à frente. Sem dúvida nenhuma. Você não pode estourar um clube.

Desde que você deixou de ser uma torcedora de arquibancada para estar do lado de lá do balcão, você torce mais ou torce menos?

Torço mais. Antes eu era uma torcedora comum, mas agora, além de tudo, eu invisto milhões. Quando não vem o resultado que a gente espera, é muito decepcionante.

Você ainda precisa ser reeleita, mas há um plano para que você seja a presidente do Palmeiras...

Eu sendo reeleita conselheira, tenho todas as condições para ser candidata a presidente.

Como candidata a presidente um dia, possivelmente na próxima eleição no final do ano que vem, como fica a situação inédita de você ser conselheira, candidata à presidência e também patrocinadora do clube?

O meu contrato de patrocínio vence em dezembro de 2021. Sou candidata ao conselho em fevereiro de 2021. E a eleição seria em novembro. Eu não vejo problema absolutamente nenhum com quem põe dinheiro no clube. O problema deveria ser com quem tira dinheiro do clube. Eu só coloco. Eu fico até muito indignada.

Mas diante das perguntas sobre essa questão...

Eu tenho várias possibilidades. Eu poderia renovar antes com o presidente. Posso renovar depois. Poderia fazer um conselho para decidir. Também se não quiserem renovar comigo, porque acharam um patrocinador maior, ótimo. Não tem nenhum problema. Vou estar colaborando com o Palmeiras de qualquer jeito. As pessoas se preocupam demais com quem põe dinheiro no clube. Deveria ser com quem tira... É uma boa matéria para vocês, jornalistas. Pesquisar em vários clubes de futebol. Interessante isso! Por que ficam perguntando: 'Leila, como é que fica? Você: presidente e patrocinadora?' Gente, se tiver um patrocínio melhor do que o meu, óbvio que eu vou abrir mão. O que deveria causar estranheza é se o patrocinador tirasse vantagem. Eu desafio qualquer pessoa a achar uma vantagem que eu levo. Tem gente da oposição que fala do patrocinador porque tem dor de cotovelo. Até admito você falar da administração, porque a oposição é saudável em qualquer administração. Mas eu não me conformo de alguém falar de um patrocinador como a Crefisa/FAM, que só coloca dinheiro no clube. O patrocinador nunca tirou um tostão. Quando viajo com o clube, sai tudo do meu bolso. Eu pago hotel, eu viajo no meu avião particular. Nunca tirei um centavo do clube. Eu não faço negócio com o clube, eu patrocino o clube. Meu negócio com o Palmeiras é esse: pago rigidamente em dia pela exposição das minhas marcas. A grande preocupação tem que ser com quem dilapida o patrimônio do clube, como no passado aconteceu no Palmeiras. Como é que podem se preocupar comigo? Às vezes eu acho que não existe interesse que entre uma pessoa séria, que não precisa do Palmeiras...

Vale para muitos clubes.

Eu não preciso do Palmeiras, eu amo o Palmeiras. Tenho meus negócios. Minha vida é transparente. Se eu entrei no Palmeiras é para fazer a diferença. Para fazer o que todo mundo faz, eu não quero, não me interessa, não é para mim. Eu fico nas minhas empresas, eu tenho trabalho para caramba, sou presidente de todas as nossas empresas. Tenho 1100 lojas espalhadas pelo Brasil, 10 mil funcionários! Para eu ajudar a administrar o Palmeiras, terei de abrir mão dos meus negócios para colaborar com meu clube.

Hoje você destina quanto tempo do seu dia para o Palmeiras?

Estou sempre à disposição. Não marco hora. Mas eu não vou ao clube, porque eu tenho o meu trabalho. Lá tem diretores e presidente. Não tenho cargo de diretora do clube. Nunca quis ter. Gosto de cargos eleitos pelos associados. Esses cargos me interessam.

Se você fosse eleita presidente da CBF...

Nunca almejei isso. Minha vida é a SEP.

Mas como presidente da CBF você poderia acertar muitas coisas do futebol também para o Palmeiras. Poderia mudar algumas coisas. Poderia administrativamente mudar coisas como calendário, torcida única...

Eu sei, mas nunca pensei nisso. Também sou contra a torcida única. Eu sei que a grandeza do Palmeiras não está dentro dos muros. Está fora deles. Isso é uma coisa que os dirigentes tinham que perceber.

Mas é disso que se trata a pergunta. De olhar para o todo...

Se você pensar no seu clube, divulgar, isso vai reverberar nos outros clubes. Não tenho dúvida de que um bom dirigente é um bom articulador com atitude. Não quero parecer prepotente. Eu não sou prepotente. Estou no Palmeiras para colaborar sem demagogia alguma. Eu tenho uma ótima posição, uma vida extremamente confortável, eu poderia tocar a minha vida. É um investimento muito grande que eu faço no Palmeiras, eu poderia não fazer, mas eu faço por amor.

Então, por quê?

Porque acredito, tenho certeza que consigo mudar para cada vez melhor a história vitoriosa do Palmeiras. É por isso que eu estou aqui. Para fazer a diferença. É por isso que o torcedor gosta de mim. Ele acredita em mim. Eles sabem que eu jamais vou decepcioná-los.

Sobre torcedores: como você avalia sua parceria com a Mancha Verde? (patrocinando o carnaval da escola de samba com verba de Lei de Incentivo à Cultura)

Conheço o trabalho, frequento a quadra. Acho que há preconceito contra torcidas organizadas. Eu patrocino tudo dentro da lei com a fiscalização do Ministério da Cultura (atualmente Secretaria Especial da Cultura). Quem comete excesso precisa ser punido pela polícia. Não posso criminalizar a organizada inteira.

Mas você não teme represália nas arquibancadas caso deixe de patrocinar?

Não. Incomoda-me muito mais quem causa dano para o meu clube. O que deveria incomodar também os outros clubes. Às vezes estão focando nas torcidas, e o grande algoz está dentro dos clubes. Como pode esses grandes clubes completamente quebrados? Isso afeta milhões de torcedores e ninguém toma providência nenhuma. Isso é muito sério. Bandido também tem dentro do clube de futebol! Também tem. E esses são os piores. As autoridades tinham que olhar para isso.