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Marília Ruiz

Feministas de ocasião

Robinho, na época em que atuava pelo Santos - Friedemann Vogel/Getty Images
Robinho, na época em que atuava pelo Santos Imagem: Friedemann Vogel/Getty Images

29/02/2020 16h18

Estamos a uma semana do Dia Internacional da Mulher, e a internet vai ser inundada por "homenagens" e hashtags hipócritas e de ocasião.

Não seja um desses idiotas que compartilha conteúdo para ficar com a imagem de moderninho engajado.

Poderia usar um dos muitos dados que mostram a barbárie em que vivem as mulheres ainda em 2020. Sugiro que você leia a respeito e tire as suas conclusões.

Meu post é sobre o machismo inerente ao futebol. Esse post é sobre o escândalo de achar que o futebol é um mundo paralelo. Esse texto chama atenção para os inúmeros casos que são "normalizados" no futebol - porque, claro, trata-se de "mimimi".

Vamos ao exemplo mais recente e que ainda está na capa dos principais portais, nas manchetes de jornais e na boca de muito comentarista que adora dizer que não é machista...

Em meio a crise que ronda seus muros, o presidente do Santos resolveu essa semana espalhar que está atrás de um ex-ídolo: receita mais antiga do que o desembarque de Charles Miller para mudar o foco das entrevistas.

Só que o ex-ídolo em questão é um condenado por estupro. Condenado. Não é suspeito. Não foi acusado. Foi condenado pela nona seção da corte de Milão (Itália) a nove anos de prisão pelo estupro coletivo de uma jovem albanesa em 2013. De acordo com a sentença de 2017, o abuso sexual foi cometido junto com outros cinco brasileiros. O jogador, que não pode pisar na Itália para não ser preso, recorre da decisão.

Pois é... Tudo isso, mas há quem discuta "se há lugar para ele no Santos 2020", se "aos 36 anos ele pode ajudar no vestiário"...

Dos mesmos criadores de "o goleiro Bruno deve voltar ao futebol porque é o trabalho dele", temos agora "Robinho é bom de grupo e isso é coisa da vida particular dele". Porque, claro, um estupro coletivo é o de menos.

"Ele é um menino da Vila. E as portas estarão sempre abertas para ele. Robinho é bom jogador, bom de grupo e de vestiário", disse o presidente santista, José Carlos Peres, em entrevista à ESPN, sem nem ficar ruborizado pelo uso da palavra "grupo" para falar de um jogador C-O-N-D-E-N-A-D-O por estupro coletivo - vale repetir porque absurdo pouco é bobagem.

Feliz Dia Internacional da Mulheres para vocês!