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Juventus da Mooca avança para ser SAF. Quais próximos passos e cuidados?

O Juventus da Mooca deu um passo relevante rumo à profissionalização de seu departamento de futebol. Na noite de terça-feira (17), o Conselho Deliberativo aprovou por 70 votos a 18 a proposta de transformação do futebol do clube em Sociedade Anônima do Futebol (SAF). A proposta escolhida foi a da REAG Capital Holding, e agora depende da aprovação dos sócios em assembleia geral, ainda sem data definida.

A negociação prevê um investimento inicial de R$ 20 milhões no clube social, incluindo a reforma da sede em até seis meses. O plano de negócios projeta aportes que podem chegar a R$ 480 milhões até 2035, conforme metas esportivas sejam alcançadas. Entre elas, estão o retorno à elite do futebol paulista em 2027, a presença na Série D em 2028, o acesso à Série A do Brasileirão em 2031 e a participação em torneio internacional em 2033. Também está prevista a modernização do Estádio da Rua Javari e a formação de atletas para o mercado europeu.

Terceira tentativa, primeira aprovação

Essa foi a terceira tentativa recente do clube de adotar o modelo de SAF. A primeira, em 2022, envolvia o grupo italiano Almaviva, mas foi barrada. No ano seguinte, outras três empresas, incluindo novamente a Almaviva, apresentaram propostas — nenhuma avançou. Agora, três ofertas foram avaliadas, mas apenas a da REAG foi considerada apta a ser votada pelo Conselho.

Especialistas falam em cuidados no processo

Juristas ouvidos pelo Lei em Campo apontam que a SAF pode representar um caminho positivo para o Juventus, mas ressaltam a necessidade de cuidado com a identidade do clube.

"A transformação pode ser extremamente positiva - desde que seja feita com responsabilidade. O modelo empresarial permite atrair investimentos, profissionalizar a gestão e dar mais fôlego financeiro. Mas é fundamental que isso aconteça com mecanismos que protejam a identidade do clube. O risco é transformar o clube num negócio sem alma", afirma o advogado desportivo, jornalista e colunista do UOL Andrei Kampff.

A advogada Ana Mizutori, especialista em direito desportivo da AK Direito na Comunicação e no Esporte, destaca o potencial da SAF para modernizar a estrutura do clube:

"A SAF é um bom caminho para o Juventus porque permite reestruturar dívidas, separar o futebol do clube social e atrair investimentos com segurança jurídica. A Lei da SAF viabiliza uma gestão profissional e financeira mais eficiente, algo essencial para modernizar o clube e tirá-lo do amadorismo."

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A preservação da memória do Moleque Travesso é outra preocupação levantada pelos especialistas.

"É perfeitamente viável incluir cláusulas que resguardem símbolos como hino, escudo, cores, nome e estádio. Tudo isso pode ser juridicamente protegido como patrimônio imaterial. A Javari não é apenas um estádio — é parte da história do clube. E isso pode, e deve, ser blindado", conclui Kampff.

O que vem a seguir

Com a aprovação do Conselho, o projeto será submetido à assembleia de sócios, instância responsável por confirmar — ou rejeitar — a formalização da SAF. A reunião ainda será convocada, mas promete novo capítulo de debate entre torcedores, conselheiros e dirigentes sobre o futuro do Juventus da Mooca.

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