Apesar da polêmica, jogo Sport e Fortaleza não corre risco de ser anulado

O lance

A polêmica ocorreu aos 29 minutos do 2° tempo em meio a um ataque do Fortaleza. Na ocasião, um lançamento para a área acabou com falha da zaga dos mandantes.

Diante da bobeada defensiva, Lucero ficou com a bola e ajeitou para Yago Pikachu, que bateu e acertou o travessão antes de quicar na região da linha da meta defendida por Caíque França.

Depois de cinco minutos de paralisação, Candançan foi chamado para rever o lance e ficou ao menos três minutos na cabine, gerando apreensão e revolta por parte de jogadores, comissões e torcedores na Ilha do Retiro.

O árbitro de campo analisou a posição de bola em diferentes imagens e não considerou um ângulo "conclusivo" para gol, gerando uma série de reclamações por parte dos visitantes. O saldo da confusão de oito minutos ainda teve cartão amarelo para o atacante Breno Lopes, um dos mais exaltados.

Partida pode ser anulada na Justiça Desportiva?

Apesar da polêmica, a partida não corre qualquer risco de ser anulada pela Justiça Desportiva. Segundo especialistas, o lance em questão se trata de um erro de fato.

"Há de se registrar que a não confirmação do suposto gol ainda contou com a ajuda do VAR, após ter decorrido mais de oito minutos de paralisação da partida para análise da situação, o que se mostra muito grave. De forma objetiva entendo pela presença de erro de fato, o que não atraia condições para possível anulação da partida. Contudo, não há como deixar de registrar que o futebol brasileiro necessita urgentemente de implantação de tecnologia de ponta visando mais credibilidade esportiva", entende o advogado desportivo Carlos Ramalho.

"Acho difícil uma anulação de partida, embora pareça que tenha ocorrido um erro da arbitragem. Como as imagens não são 100% conclusivas (a câmera não está posicionada no ângulo correto), não há que se falar em erro de direito ou ignorância da regra, pois estamos no terreno interpretativo. Só há de se lamentar que o VAR brasileiro, em operação há tantos anos, sequer conseguiu avançar para resolver os lances objetivos, que seriam facilmente solucionados com tecnologia que está disponível há tanto tempo. Preferimos economizar. Ainda não utilizamos tecnologia de linha de gol e impedimento semiautomático, o que deveria ser o mínimo. Sobre esse lance específico, tudo indica que temos 99,9% de a bola ter entrado. É curioso como a arbitragem opta em decidir pelo 0,01%", avalia o advogado Carlos Henrique Ramos, especialista em direito desportivo.

Erro de direito x erro de fato: qual a diferença?

O parágrafo 1º do artigo 259 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD) diz que: "a partida, prova ou equivalente poderá ser anulada se ocorrer, comprovadamente, erro de direito relevante o suficiente para alterar seu resultado".

O erro de direito ocorre quando a arbitragem aplica e/ou interpreta equivocadamente a regra do jogo, possibilitando a anulação da partida.

Diferente do erro de fato, o qual ocorre quando a arbitragem não consegue detectar o que de fato aconteceu e com base nisso, se equivoca na marcação disciplinar.

Em exemplos práticos, o erro de direito se caracteriza quando o árbitro não checa se as traves dos gols estão conformes as dimensões definidas pelas regras. Por sua vez, o erro de fato ocorre quando se aplica um cartão amarelo em situação em que, segundo as regras, regulamentos e demais normas federativas impostas, era para ser aplicado o cartão vermelho.

Fortaleza se manifesta

Nas redes sociais, o Fortaleza postou o vídeo do lance e desabafou:

"É simplesmente inacreditável o que o Brasil inteiro viu diretamente da Ilha do Retiro: a bola passa a linha e, com direito a checagem em vídeo, a arbitragem não marca o gol para o Fortaleza. O Brasileirão é um dos maiores campeonatos nacionais do mundo, um dos mais difíceis, e erros como esses são inaceitáveis. Sentimento de revolta que reflete nos atletas em campo e em toda Nação Tricolor. É uma falha que, independente da situação que vive o futebol brasileiro, não pode acontecer em qualquer circunstância", escreveu o Leão.

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