Esporte e a parceria Brasil-Portugal
Ler resumo da notícia
No mês de fevereiro ocorreu um encontro bilateral entra Brasil e Portugal, com as presenças do presidente da República do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e do primeiro-ministro da República Portuguesa, Luís Montenegro. Esse encontro registra uma série de acordos de cooperação entre os países.
O momento é cercado de simbolismos, tendo em vista a celebração dos 200 anos de relações diplomáticas entre os países irmãos, que dão um passo decisivo no aprofundamento da sua parceria estratégica com a assinatura de 19 acordos que reforçam a cooperação nas áreas da economia, inovação, sustentabilidade, segurança e investigação.
Acontece que entre tantas questões importantes, o esporte não apareceu com o protagonismo que poderia ter. Por isso, a Academia Nacional de Direito Desportivo, referência internacional na área acadêmica em assuntos em que direito e esporte se encontram, tem realizado uma série de conversas para ajudar a colocar o esporte na agenda desses acordos.
O vice-presidente da ANDD, Maurício Corrêa da Veiga, inclusive, teve um encontro com o embaixador do Brasil em Portugal, Dr. Raimundo Carreiro, na Embaixada do Brasil em Lisboa, quando apresentou sugestões de cooperação entre Brasil e Portugal no campo do desporto.
Trago aqui texto do amigo Maurício sobre a questão, de muita relevância para o esporte nacional. Ele destaca pontos que podem ser discutidos e realizados dentro dessa parceria e que acredito que devem ser abraçados pela comunidade esportiva no Brasil.
"A linguagem do desporto é universal e transcende fronteiras, raça e credo. A prática desportiva deve fazer parte de todo o cidadão. A formação de um atleta começa na mais tenra idade e incute princípios morais e éticos que serão indeléveis.
O Brasil tem uma característica fundamental de formação de grandes talentos em várias modalidades desportivas e muitas das vezes, falta oportunidade para esses jovens. Portugal é reconhecido por desenvolver locais para abrigar equipes para treinamento e contribuição na formação (Como exemplo, pode ser citado o complexo desportivo de Rio Maior, onde atletas da natação brasileira realizam o seu treinamento).
É fundamental que haja um intercâmbio que permita o desenvolvimento de jovens, atletas, estudantes e profissionais destes países que possuem sólida e indelével ligação. Brasil e Portugal têm muito em comum e são fontes de aprendizado recíproco.
Neste documento são apresentadas iniciativas comuns e que podem ser complementares:
- Projetos Sociais para Formação Desportiva de Crianças e Adolescentes
Estabelecer programas de intercâmbio e cooperação que utilizem o desporto como ferramenta de desenvolvimento social para jovens em situação de vulnerabilidade. Esses projetos podem focar na educação, saúde e cidadania, promovendo o desenvolvimento integral dos participantes. Muitos jovens talentosos não têm condições de arcar com custos para competições profissionais e dependem de atuações individuais e altruístas para a materialização deste sonho - Projetos para Formação e Capacitação de Treinadores Desportivos
É crescente o número de treinadores portugueses que desembarcam no Brasil e obtêm sucesso profissional. Podem ser implementadas campanhas para que diferenças culturais sejam amenizadas e evitar desgastes desnecessários. - Combate ao Racismo no Desporto
Desenvolver campanhas educativas e programas de sensibilização para atletas, treinadores e torcedores, visando erradicar o racismo nas práticas desportivas. A colaboração entre entidades brasileiras e portuguesas pode incluir workshops, seminários e materiais educativos que promovam a diversidade e a inclusão através do desporto. - Prevenção da Ludopatia e Promoção do Jogo Responsável
Implementar iniciativas conjuntas para conscientizar acerca dos riscos do jogo patológico, especialmente em apostas desportivas. Isso pode envolver a criação de materiais informativos, treinamentos para profissionais do setor e campanhas de conscientização direcionadas ao público em geral. - Inclusão de Minorias no Desporto
Desenvolver programas que incentivem a participação de grupos minoritários e marginalizados nas atividades desportivas, garantindo igualdade de oportunidades. Isso pode incluir a criação de bolsas de estudo, programas de mentoria e parcerias com organizações comunitárias para promover a inclusão. - Incentivo às Modalidades Desportivas Criadas em Países de Língua Portuguesa
Promover e revitalizar modalidades desportivas desenvolvidas nos países de língua portuguesa, garantindo sua preservação e expansão. Isso pode incluir a capoeira no Brasil, o jogo do pau em Portugal e outros esportes tradicionais. Além disso, incentivos financeiros podem ser fornecidos para o desenvolvimento desses esportes, incluindo apoio a federações, criação de competições e intercâmbio de atletas especializados. - Intercâmbio de Estudantes e Profissionais de Direito Desportivo
Criar programas de intercâmbio acadêmico e profissional para estudantes e advogados especializados em direito desportivo, facilitando a troca de conhecimentos e experiências entre Brasil e Portugal. Isso pode incluir estágios, cursos conjuntos e conferências bilaterais. - Combate ao Doping
Desenvolver estratégias conjuntas para prevenir e combater o uso de substâncias proibidas no desporto, incluindo a harmonização de legislações, compartilhamento de informações e realização de campanhas educativas. A colaboração entre agências antidoping dos dois países pode fortalecer a integridade das competições esportivas. - Organização de Eventos Desportivos Bilaterais
Planejar e realizar competições e torneios que envolvam atletas de ambos os países, promovendo a integração e o intercâmbio cultural. Eventos como a AFIA World Cup, que já ocorreu em Portugal e está prevista para ocorrer no Brasil em 2025, podem servir de modelo para futuras iniciativas. - Desenvolvimento de Políticas Públicas Conjuntas para o Desporto e o Lazer
Compartilhar experiências e melhores práticas na formulação de políticas públicas que promovam o desporto e o lazer, considerando as particularidades de cada país. Estudos comparativos podem servir de referência para identificar oportunidades de cooperação nesse campo. - Preparação Conjunta para Grandes Eventos Desportivos
Colaborar na organização e preparação de atletas e infraestruturas para eventos de grande porte, como a Copa do Mundo de Futebol Feminino de 2027, que será sediada no Brasil. Isso pode incluir intercâmbio de técnicos, compartilhamento de instalações de treinamento e cooperação em áreas como segurança e logística. - Desenvolvimento de Programas de Gestão e Governança no Desporto
Criar iniciativas de capacitação para dirigentes, técnicos e profissionais da área desportiva em temas como compliance, transparência e boa governança. A cooperação entre Brasil e Portugal pode incluir cursos e certificações conjuntas, além do intercâmbio de boas práticas na administração de clubes e federações. - Apoio à Sustentabilidade e Infraestrutura Verde no Desporto
Desenvolver projetos voltados à sustentabilidade na construção e manutenção de infraestruturas desportivas. Isso pode incluir a implementação de estádios e centros esportivos ecoeficientes, o uso de energias renováveis e estratégias para redução do impacto ambiental de grandes eventos desportivos.
- Fomento a Estudos Acadêmicos sobre o Desenvolvimento Histórico do Desporto e do Direito Desportivo nos Países Lusófonos
Criar programas de pesquisa e incentivo à produção acadêmica sobre a história do desporto e do direito desportivo nos países de língua portuguesa. Isso pode envolver a concessão de bolsas de estudo, parcerias entre universidades e instituições acadêmicas, realização de congressos e publicações conjuntas. O objetivo é fortalecer a documentação, análise e disseminação do conhecimento sobre a evolução das práticas esportivas e das legislações desportivas no mundo lusófono. - Incentivo à Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) no Setor Desportivo
Promover a criação de programas de fomento à pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I) voltados ao ecossistema desportivo, incentivando a colaboração entre clubes, federações, universidades, startups e empresas periféricas do setor. A iniciativa pode incluir incentivos financeiros, linhas de crédito específicas e parcerias estratégicas para a criação de novas tecnologias aplicadas ao desporto, como wearables, análise de desempenho, inteligência artificial para arbitragem e modelos de gestão desportiva eficientes. Além disso, será fundamental investir na conscientização sobre propriedade intelectual, garantindo que novas soluções e produtos desenvolvidos possam ser protegidos e explorados economicamente de maneira sustentável, fortalecendo o mercado desportivo em ambos os países.
Com os melhores cumprimentos,
Mauricio de Figueiredo Corrêa da Veiga
Vice Presidente de Relações Internacionais da Academia Nacional de Direito Desportivo (ANDD Brasil)"
Nos siga nas redes sociais: @leiemcampo
Seja especialista estudando com renomados profissionais, experientes e atuantes na indústria do esporte, e que representam diversos players que compõem o setor: Pós-graduação Lei em Campo/Verbo em Direito Desportivo - Inscreva-se!
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.