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Espanha iguala premiações para homens e mulheres e avança na igualdade

Gabriel Coccetrone

23/06/2022 10h21

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A Federação Espanhola de Futebol (RFEF) deu um importante passo na busca por uma igualdade de gênero. Na terça-feira retrasada, 14 de junho, a entidade anunciou um acordo de equidade salarial entre as seleções feminina e masculina de futebol, incluindo bônus de premiações e direitos de imagem. A medida, que até pouco tempo atrás parecia ser utópica, está sendo cada vez mais adotada no esporte.

"A medida anunciada pela RFEF segue uma tendência mundial no sentido de se discutir as condições de trabalho das atletas mulheres. É muito importante debater o assunto com vistas ao desenvolvimento do esporte feminino, mas, principalmente, transformar os debates em ações efetivas, que afetam as atletas diretamente envolvidas e servem de exemplo para outras organizações", opina Filipe Souza, advogado especialista em direito desportivo.

Para a advogada Luiza Soares, advogada especialista em direito desportivo, "ações como esta representam um importante passo ao esporte como um todo, não somente às categorias femininas".

"Ao meu ver, essa é a igualdade mais relevante: que se propicie condições dignas de desenvolvimento do esporte feminino a fim de que possa ser superado o lapso de tempo durante o qual foi aceito que o esporte feminino pudesse ser considerado inferior em comparação com o masculino", destaca.

"Medidas que visam ao desenvolvimento do futebol feminino são naturalmente bem-vindas. E também não causa surpresa o fato de não haver equiparação total, em vista, por exemplo, das diferenças entre cotas de patrocínio e dos próprios patrocinadores que associam suas marcas às diversas seleções espanholas. As ações afirmativas no esporte, como em qualquer outro setor, devem plantar sementes, mas não teriam o condão de igualar, da noite para o dia, o interesse perante público e patrocinadores que despertam as seleções de diferentes categorias", analisa Jean Nicolau, advogado especialista em direito desportivo.

O contrato de cinco anos entra em vigor a partir da próxima Eurocopa Feminina, que terá início em 6 de julho. A negociação foi um pedido feito pelas jogadoras e contou com a mediação de um sindicato formado exclusivamente por mulheres futebolistas que atuam na Espanha, o FUTPRO.

No evento de anúncio, as jogadoras do Barcelona e da seleção espanhola, Alexia Putellas, Patricia Guijarro e Irene Paredes, além do presidente da RFEF, Luis Rubiales, assinaram o documento de compromisso.

"(O acordo) reforça o compromisso da RFEF com as jogadoras e a Seleção Espanhola Feminina. Queremos ser as melhores jogadoras, a melhor equipe e a melhor seleção. Estamos indo para a Inglaterra para dar tudo de nós. Agradeço o apoio da FUTPRO nesta negociação. Continuaremos a dar a vida por esta camisa", declarou Paredes.

Marcel Belfiore , advogado espoecializado em direito desportivo, entende que a decisão é corretíssima, pois é "uma das formas de se garantir o desenvolvimento da modalidade".

"Não é possível esperar que o esporte feminino se desenvolva e alcance as marcas de audiência do esporte feminino sem investimento e sem reconhecimento", acrescenta o advogado.

O movimento da RFEF segue o mesmo caminho seguido por Brasil, Estados Unidos, Austrália e Inglaterra, países pioneiros neste tipo de iniciativa.

"Esse exemplo da RFEF deixa bem nítida a grande diferença das premiações destinadas às competições em cada categoria, mas é importante frisar que esse valor mais elevado das premiações no esporte masculino foi construído através de uma percepção de valor que levou décadas sendo incentivada, uma condição que não pode ser ignorada na busca dessa igualdade e que deve servir como mais um fator a fim de que se equilibre essa matemática. Por isso, cada ação, cada decisão que busca diminuir essa diferença importa, ainda que não seja isoladamente a solução do problema, mas justamente por fazer parte desse caminho", finaliza Luiza Soares.

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