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Fifa estuda punição a clubes que não liberaram atletas. Existe caminho

04/09/2021 17h17

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Por Gabriel Coccetrone

A atitude dos clubes europeus de não liberarem jogadores para as suas respectivas seleções para a disputa das Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2022 causou desgaste com a FIFA. Nessa situação, segundo o site 'The Athletic', a entidade máxima do futebol está estudando possíveis punições a algumas equipes do futebol inglês.

De acordo com o site, Newcastle, Wolverhampton e Watford são os três clubes que estão na mira da FIFA por conta de reclamações que foram feitas pelas federações nacionais. Os atletas envolvidos são: Miguel Almirón (Newcastle - Paraguai), Raúl Jiménez (Wolverhampton - México) e Francisco Sierralta (Watford - Chile).

É ai que entra a questão. A FIFA pode aplicar sanções para esses clubes? O que diz o Código Disciplinar da entidade? Há caminhos?

"De acordo com o código disciplinar da FIFA, os membros das associações nacionais, em especial os clubes, estão sujeitos a aplicação de sanções. No caso em tela, acredito que as sanções que podem vir a ser aplicadas são uma reprimenda ou uma multa, não mais que isso. É bom nos lembrarmos que o RSTP de fev/2021 da FIFA trouxe medidas temporárias que estendiam a não obrigatoriedade dos clubes de cederem atletas às seleções nacionais por conta da situação pandêmica no nosso continente. Ou seja, os clubes estavam cientes de que haveria a possibilidade de ter que ceder os seus atletas no futuro, para que o calendário das eliminatórias sul-americanos seja cumprido em tempo hábil", avalia Pedro Juncal, advogado especializado em direito desportivo", avalia Pedro Juncal, advogado especializado em direito desportivo.

O advogado João Paulo Di Carlo segue a mesma linha de raciocínio e também acredita na possibilidade de punições, como multas e advertências.

"Muito embora o anexo 1 do Regulamento do Estatuto e Transferência de Jogadores da FIFA esteja redigido de maneira muito confusa, dando bons argumentos para ambos os lados, a não liberação de jogadores, para nenhuma partida sequer, quando a FIFA impõe a obrigação de dois jogos para seleções (exceto UEFA), baseado em uma norma estatal que não proíbe a viagem em si, parece descabida. Portanto, a princípio, os clubes poderiam ser sancionados com uma advertência ou multa pela entidade máxima do futebol", explica o especialista em direito desportivo.

"Não me parece razoável que, agora, meses após a decisão da FIFA de suspender a rodada de março, os clubes europeus se indignem com a obrigatoriedade de liberação dos seus atletas, muito menos por uma majoração de 2 dias no período de liberação, de 9 pra 11 dias. Portanto, existe sim caminhos para a punição dos clubes que se negarem a liberar os seus atletas, mas não acredito que veremos grandes sanções", completa Juncal.

Todos os jogadores citados acima foram impedidos de viajarem para seus países por conta das restrições de combate ao Covid-19 no Reino Unido, uma vez que teriam de cumprir ao menos 10 dias de quarentena na chegada ao país.

Como as federações de Paraguai, México e Chile procuraram a FIFA para destacar esses três casos em específico, a entidade deve atuar para resolver a questão. Os demais clubes que não liberaram seus jogadores e não contam com nenhuma reclamação na entidade, não deverão sofrer sanções.

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