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Mais um caso grave de choque de cabeça no futebol. É preciso avançar
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Andrei Kampff
O lateral Nanu, do FC Porto, é mais uma vítima dos choques de cabeça no futebol. O jogador desmaiou na partida do clube contra o Belenenses após um batida de cabeça do Kritciuk.
O clube emitiu uma nota dizendo que o lateral sofreu uma concussão cerebral e um traumatismo vértebro-medular, com perda de memória. O jogador foi levado ao hospital, retomou a consciência e vai ficar em observação.
Choques de cabeça são um problema grave e o futebol tem um protocolo ruim em relação a outros esportes.
Futebol avança, mas ainda anda devagar.
Em dezembro de 2020, o futebol deu um importante passo para a evolução do seu protocolo. A IFAB, que cuida das regras do esporte, aprovou testes com substituições adicionais para casos de concussão real ou suspeita no futebol para esta ano.
O protocolo do futebol está muito atrás de outros esportes. Ele não combate o problema da concussão de maneira efetiva. Outros esportes já apresentaram soluções mais comprometidas para o problema. Para isso, é preciso mudar regras. A substituição temporária, para uma melhor avaliação do atleta em choque, foi uma decisão importante. Mas ainda precisa evoluir.
Um médico independente para fazer a avaliação também se torna importante para não tornar a mudança de regra uma estratégia para técnicos.
Sobre o avanço. A International Football Association Board (IFAB) concordou com a implementação de protocolos que serão a base para os testes. Os membros concordaram que, em caso de uma concussão real ou suspeita, jogador em questão deverá ser retirado da partida para proteger a sua saúde. A equipe não poderá sofrer desvantagem numérica e a substituição não será descontada do número que cada uma tem direito por jogo.
Os objetivos da medida são:
- Evitar que um jogador sofra outra concussão durante a partida;
- Enviar uma mensagem de que, em caso de dúvida, o jogador é retirado, mas não há desvantagem numérica ou tática, priorizando o bem-estar do atleta; e
- Reduzir a pressão sobre a equipe médica em realizar uma avaliação rápida e muitas vezes incompleta.
O anúncio feito em dezembro veio depois de um ano de consultas detalhadas com especialistas em concussão médica, médicos de equipes, representantes de jogadores, treinadores, organizadores de competições, arbitragem e especialistas na regra do jogo sobre o tema.
As confederações e associações que se interessarem em adotar a regra deverão ser inscrever junto à IFAB e Fifa.
A Premier League anunciou que irá adotar, a nova regra está valendo para o Mundial de Clubes e a CBF disse ao Lei em Campo que também adotará a medida na temporada 2021 em algumas competições.
O que é a Concussão
A concussão cerebral é a perda de consciência num intervalo curto de tempo, e acontece logo após um traumatismo craniano.
De difícil diagnóstico, ela caracteriza-se por microlesões, que não são visíveis, mas que apresentam sintomas característicos. E como o diagnóstico é complicado, muitos atletas que sofrem concussão voltam ao jogo, o que é um problema sério.
São vários os exemplos no futebol. Álvaro Pereira na Copa de 2014, o goleiro Karius, do Liverpool, na final da Liga dos Campeões de 2018 e a lista é longa de jogadores que não poderiam voltar a campo se fosse colocado em prática um protocolo eficaz de combate à concussão.
Sempre importante reforçar que o esporte muda a partir de provocações. A provocação pode aparecer como forma de aprimorar o jogo, ou de melhorar a segurança de quem joga. E ela pode aparecer a partir de processos judiciais, de tragédias, mas também do entendimento científico e humano de que o esporte precisa proteger a saúde de quem pratica. Esse entendimento é fundamental para o jogo, e para o Direito Esportivo.
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