Julio Gomes

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Klopp na seleção brasileira seria um sonho, mas com um problema dos grandes

Aqui no UOL Esporte, o ótimo e bem conectado Bruno Andrade publicou ontem que Jurgen Klopp estaria "à disposição" para assumir a seleção brasileira, se fosse chamado. Klopp meio que anunciou a aposentadoria quando deixou o Liverpool, ao final da temporada passada, mas todos no futebol sabem que ele não vai aguentar por tanto tempo.

Klopp é hoje diretor técnico mundial da Red Bull, veio recentemente ao Brasil acompanhar o trabalho do Bragantino, mas não estaria feliz no cargo. Portanto, se o Brasil ou o Real Madrid o chamassem, viria.

Não há técnico que eu goste mais no mundo do que Klopp. Por vários motivos. O cara é um resumo de tudo o que se pode elogiar em um treinador: entrega, profissionalismo, carisma, valores corretos, respeito pelo jogo e pelos adversários, sintonia com jogadores, cultura humanista e solidária, intensidade e, claro, vitórias. Não é à toa que tenha passado tanto tempo nos clubes em que trabalhou.

Klopp virou o "anti-Guardiola" sem recorrer a violência, pancadaria ou jogos mentais, como fez o antecessor no posto, José Mourinho. Klopp apelou para o... futebol. E, se Guardiola talvez seja o maior técnico de todos os tempos, a verdade é que o futebol de hoje em dia é muito mais Klopp do que Guardiola. Pressão forte e constante para recuperação de bola, verticalidade, jogo de alta velocidade e pouco nhém nhém nhém. Não foi Klopp quem inventou a pressão no futebol. Mas foi quem aperfeiçoou e deu o exemplo para o jogo jogado nos dias de hoje.

Pode até parecer que Guardiola seria a melhor opção para o resgate do futebol brasileiro. O que, afinal, é o futebol brasileiro? Ou o que virou? Hoje, não tenho dúvidas que o torcedor de futebol brasileiro gosta muito mais de ver o time ganhar "à la Klopp" do que "à la Pep".

Qual seria, então, o grande obstáculo que cito no título desta coluna? O idioma, sem nenhuma dúvida.

Não seria fácil para Klopp aprender o português e, mesmo que se esforce muito e o faça, seria difícil transmitir o que precisa transmitir no idioma. Muito do que faz o Klopp treinador passa pelo relacionamento com os atletas. É a mesma razão pela qual Luxemburgo e Felipão, no auge, fracassaram em clubes enormes da Europa. O treinador de futebol precisa extrapolar questões táticas e técnicas, precisa conquistar coração e mente dos comandados. E, com todo respeito a tradutores, intérpretes e à inteligência artificial, nada substitui uma conversa olho no olho, com a melhor escolha de palavras.

Klopp é muito melhor do que Jorge Jesus ou Carlo Ancelotti. Mas talvez seja uma ruptura brusca demais e que não funcionasse. São inúmeros predicados e vantagens, só que o problema mora na única desvantagem. Se ele está à disposição, porém, tem que ir atrás do homem, é simplesmente obrigação da CBF fazê-lo.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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