Julio Gomes

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Pessimismo francês contrasta com um PSG que, pela primeira vez, empolga

Quis o destino que eu estivesse na França para assistir ao emocionante Aston Villa 3 x 2 Paris Saint-Germain desta terça-feira. O Villa ficou a um gol de levar para a prorrogação uma eliminatória completamente perdida. O PSG fez 3 a 1 (fora o baile) na primeira partida, abriu 2 a 0 em Birmingham e parecia ter a classificação assegurada. Mas deu aquela pane que já vimos tantas vezes no futebol e o desastre quase aconteceu.

Por aqui, só ouvi pessimismo. Não estou em Paris, mas vi o jogo com um grupo de pessoas que torciam pelo PSG - alguns mais fanáticos, outros, aparentemente, mais eventuais. "Já sabemos que vai dar ruim, é o PSG". "Ainda falta o gol do Asensio (que passou pelo PSG e hoje está no Villa)". "Já vimos esse filme". Era só tristeza! Mesmo com 2 a 0 no placar, ninguém estava tranquilo.

Um pessimismo que, sei lá, talvez não represente a maior parte da torcida - afinal, eu estava só com algumas dezenas de pessoas. Mas torcedores de futebol são eternos pessimistas, isso é normal. Até os do Real Madrid são pessimistas, acreditem!

O PSG empolga, talvez pela primeira vez em sua história recente. Era um clube grande (mas não enorme) na França e pequeno-médio na Europa até a compra pelo Qatar mudar tudo. São 10 títulos franceses nas 13 temporadas com os qataris no comando, incluindo o título atual, vencido com 783 rodadas de antecipação. Mesmo com grandes times, mesmo com Neymar, com Mbappé, depois até com Messi, entre outras estrelas, o PSG nunca passou a impressão de ser um timaço. Sempre foi um conglomerado de primas donnas. Até por isso, gerando tanta antipatia.

A chegada de Luis Enrique, que coincidiu com as saídas de Neymar e Messi, mudou as coisas. Foi o primeiro técnico desde 2017 a ganhar a chave do vestiário. Até Mbappé, na temporada passada, entrou na linha.

Na Champions League, o PSG bateu na trave em 2020, naquela bolha de Lisboa, quando chegou à final e caiu diante do Bayern. Era um momento muito, muito peculiar do futebol e do mundo. No ano seguinte, sabe-se lá como, bateu semifinal após passar pelo Bayern nas quartas. Depois, com as estrelas, vieram duas eliminações seguidas nas oitavas. Agora, com Luis Enrique e sem estrelas no comando, atinge a segunda semifinal seguida. Não é coincidência.

É a primeira vez nestes anos todos que o Paris parece um time. Jovem, é verdade, ainda com buracos, mas um time. Donnarumma foi importante em determinado momento do jogo contra o Aston Villa, mas o fato é que nos 20 minutos finais da partida o PSG controlou completamente o duelo. Não se desesperou. Mostrou uma maturidade até pouco usual para um time assim.

Com o apito final, perguntei para um amigo: "Bom, contra o Arsenal na semifinal dá para acreditar, né? Afinal, o Arsenal também é cheio de jovens e não está tão acostumado com este momento". A resposta foi na linha da noite toda. "Acho que ainda vai dar Real Madrid. E aí não vai dar para o Paris"...

Opinião

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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