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Julio Gomes

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

No Arsenal, Gabriel Jesus ganha chance de brilhar e perde álibi

Gabriel Jesus comemora seu hat-trick contra o Sevilla - Justin Tallis/AFP
Gabriel Jesus comemora seu hat-trick contra o Sevilla Imagem: Justin Tallis/AFP

05/08/2022 04h00

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A Premier League começa hoje, mais cedo do que o normal por causa da Copa do Mundo. Crystal Palace x Arsenal fazem o primeiro jogo, às 16h. Uma partida que poderia ser considerada sem grande transcendência, já que obviamente o campeonato começa de novo com só dois candidatos a título, Manchester City e Liverpool. O técnico do Palace é Patrick Vieira, que era um monstro no meio de campo quando o Arsenal conquistou seu último título inglês, em 2004.

Teremos de olhar de perto para o Arsenal, porque é lá que joga Gabriel Jesus. A pré-temporada foi muito promissora, parece ter chegado a grande chance dele brilhar. O outro lado da moeda, claro, é que ele perdeu o álibi de jogar no City de Guardiola, um técnico que alterna muito o time, com um elenco recheadíssimo onde "alguns precisam ficar de fora".

Gabriel Jesus é muito bom jogador e fez por merecer a titularidade na Copa do Mundo de 2018. Desde então, porém, não acho que o desempenho justifique uma presença certa em 2022. No City, ele teve momentos importantes, fez um ou outro gol relevante, mas nunca teve sequência. Ainda assim, nunca foi deixado de lado por Tite.

É como se a linha de pensamento fosse: Azar do Guardiola, se usasse mais vezes, Gabriel entregaria os gols esperados. A confiança e as seguidas convocações ficam baseadas em passado e potencial - mais do que realidade e entrega.

Agora podemos parar de especular. Jesus será titular absoluto no Arsenal, posição garantida pelo alto investimento feito nele e pelas grandes atuações, as primeiras com a camisa do clube londrino (sete gols em cinco jogos). Ele terá minutos e todas as chances do mundo para provar que Guardiola errou ao não ter-lhe dado uma sequência.

Em cinco temporadas e meia no City, Jesus fez 95 gols em 236 partidas, conquistou 11 títulos, 4 deles de Premier League. Não é pouca coisa. Mas o City teria deixado de ganhar alguma coisa se ele não estivesse lá? O fato é que Gabriel nunca foi o tal 9 que todo mundo quer ver. No Arsenal de Arteta (ex-auxiliar de Guardiola), ele terá tudo para ser o cara. E para justificar a confiança que sempre recebeu de Tite.

A disputa por vagas no ataque da seleção brasileira é boa e outros postulantes estarão na Premier League. Como Gabriel Martinelli, companheiro de Jesus no Arsenal, e Richarlison, que também trocou de clube - foi do Everton para o Tottenham, de Conte, que disputará a Champions League.

Não acredito que o trio de clubes londrinos será capaz de ameaçar a disputa entre Liverpool e City. Arsenal e Tottenham gastaram e melhoraram, sem dúvida, e o Chelsea trouxe Sterling, Koulibaly e Chukwuemeka, mas perdeu várias "batalhas" para o Barcelona, como a por Raphinha. Os três vão disputar vagas na Champions com o Manchester United, que tenta o enésimo técnico na era pós-Ferguson (agora é Ten Hag, ex-Ajax). É preciso ver o que fará o Saudi-Newcastle, que curiosamente se manteve quieto na janela, sem extravagâncias até agora.

O City perdeu algumas peças, mas trouxe Haaland, testado e aprovado. O Liverpool perdeu Mané e gastou uma grana preta no uruguaio Darwin Nuñez, que veio do Benfica e ainda não pode ser considerado um atacante de garantias. Que comece a Premier!