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Julio Gomes

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Corinthians, Flu e São Paulo são as surpresas do turno do Brasileiro

Balbuena e Bruno Méndez celebram vitória do Corinthians sobre o Atlético-MG no Brasileirão - Rodrigo Coca/Agência Corinthians
Balbuena e Bruno Méndez celebram vitória do Corinthians sobre o Atlético-MG no Brasileirão Imagem: Rodrigo Coca/Agência Corinthians

26/07/2022 19h07

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Alguém aqui acha surpreendente o Palmeiras virar o primeiro turno do Brasileiro na liderança? Eu não. Se há alguma surpresa para mim, é o Palmeiras ter "só" quatro pontos de vantagem para o segundo colocado. Eu estimava que a vantagem estaria entre seis e oito pontos nesta altura do torneio.

Talvez o que explique seja a pequena instabilidade da virada de junho para julho, com empate contra o Avaí e derrota em casa para o Athletico. Momento que coincidiu com Libertadores e Copa do Brasil.

Uma das chaves para o Palmeiras foi justamente ter conseguido poupar elenco, com muita perspicácia, nas fases iniciais dos mata-matas, priorizando o Brasileiro.

O Atlético-MG, sete pontos atrás, e o Flamengo, nove, começaram o campeonato com o mesmo nível de favoritismo. Mas eu coloquei rapidamente o Palmeiras alguns degraus à frente porque estava muito claro que os trabalhos de Mohamed e Paulo Souza não andavam e nem andariam. Agora, os dois melhoraram bastante. Mas a distância é grande.

O Fla ainda está vivo em três frentes, o Galo e o Palmeiras já estão fora da Copa do Brasil e decidirão nas próximas semanas quem vai seguir em duas frentes e quem vai ficar "só" no Brasileiro. O Atlético, com Cuca, pode se tornar uma ameaça de novo na competição nacional caso caia da Libertadores e vá bem contra duas pedreiras no início do returno (Inter e Athletico). É paradoxal, mas é a consequência do nosso calendário.

Hoje, quem mais ameaça o Palmeiras são Corinthians e Fluminense. O Corinthians, porque consegue pontuar mesmo sem jogar grandes maravilhas. É outro vivo nas três frentes, o que ajuda o Verde. Por outro lado, recebe reforços importantes na janela, que já mudaram o status do time.

A vitória contra o Atlético, na virada do turno, é o resultado que, no meu ponto de vista, faz com que seja impossível descartar as chances de título do Timão. Além do mais, enfrentará a maioria dos adversários diretos em casa no returno, começando pelo próprio Palmeiras. O Corinthians é o único invicto e time de melhor aproveitamento jogando diante da própria torcida.

O Fluminense, que joga Brasileiro e Copa do Brasil, e é quem melhor pratica futebol - mas tem um elenco jovem e com buracos. Será que Fernando Diniz conseguirá o milagre de disputar o título com este Fluminense, que nada tem a ver com aqueles de 2010 e 2012, os da Unimed?

Corinthians e Flu são as boas surpresas do primeiro turno. O trabalho de Vítor Pereira era marcado pelas interrogações em volta dele, principalmente após o mau início em clássicos, no Paulistão. Conhecendo o elenco, rodando peças e tomando boas decisões, o português mostra que, assim como Abel Ferreira, veio para ficar. É um treinador confiável. Agora com mais material humano em posições-chave, vamos ver se a toada vai seguir assim no Brasileiro.

Diniz já havia feito milagre com o São Paulo em 2020, só se surpreende quem tem birra. Faz um trabalho magnífico no Flu.

A surpresa negativa é o São Paulo. Que vinha de um ótimo Estadual, começou bem o campeonato, principalmente em casa, e depois perdeu o rumo em vários aspectos. Problemas todos que ficam disfarçados pelo fato de ter eliminado o Palmeiras na Copa do Brasil e estar vivo em um torneio que nunca conquistou. Fora do Morumbi, ganhou só uma partida. Os 11 empates - disparado o time que mais empata - são o que empurram o São Paulo para o meio da tabela. Os empates vieram em profusão justamente porque faltou ao time força mental - e, a Rogério, melhores tomadas de decisão - para que algumas vitórias a mais entrassem na conta.

Está claro que a história para o São Paulo a partir de agora é lutar pelo título inédito da Copa do Brasil e por um troféu internacional na Sul-Americana. Aliás, qualquer coisa que não seja uma final entre São Paulo e Inter será bastante surpreendente - e o Inter, que se acertou com Mano, também sabe que esta seria uma conquista importante em um ano tão turbulento.

Alguém pode dizer que o Fortaleza virar o turno na lanterna seja, também, surpreendente. Mais que isso, acho decepcionante. Mas não é possível ignorar o contexto. O Fortaleza avançou na Libertadores (até cair nas oitavas) e ainda está vivo na Copa do Brasil, além de ter feito bons jogos no Brasileirão, que deveriam ter acabado com resultados diferentes.

Na parte baixa da tabela, não há surpresas. Os últimos nove colocados são os nove menores orçamentos, e quatro deles serão substituídos por Cruzeiro, Grêmio, Vasco e Bahia. O futebol brasileiro é bem menos imprevisível do que gostamos de achar.

É impossível apontar quatro que cairão, mas eu sigo achando que o Fortaleza não estará entre eles. Já lá em cima, a questão é saber se alguém será capaz de se manter por perto do Palmeiras, a quatro ou menos pontos, até o quarto final do calendário. As próximas duas rodadas, com Libertadores e grandes duelos nacionais no meio, podem aumentar ou diminuir a diferença antes do Dérbi, em Itaquera, no dia 13 de agosto. Aguardemos.

Daqui a três semanas, saberemos os semifinalistas das Copas e estaremos perto do terço final do campeonato. Será a reta das definições e quando saberemos se as surpresas do ano serão capazes de desbancar quem não surpreende ninguém.