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Julio Gomes

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Neymar deveria aproveitar a deixa e se mandar de Paris. Opções não faltam

Neymar, atacante do PSG, durante um treino do clube em Paris - Aurelien Meunier/Getty
Neymar, atacante do PSG, durante um treino do clube em Paris Imagem: Aurelien Meunier/Getty

27/06/2022 04h00

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Os rumores mais recentes dão conta de que Neymar e o PSG estão caminhando para lados opostos. Segundo notícia deste UOL Esporte, o brasileiro estaria incomodado com declarações recentes do presidente do clube, o homem do Catar, Nasser Al-Khelaïfi.

Neymar já errou duas vezes. Errou ao deixar o Barcelona, onde estava bem instalado e seria logo o "dono" do clube, para ir a Paris. E errou ao renovar contrato até 2027, sem perceber que o número 1 já não era mais ele e, sim, Mbappé. Agora parece estar se abrindo a possibilidade para consertar o terceiro erro.

Sejamos honestos: a aventura de Paris naufragou. Neymar foi para lá para sair da sombra de Messi e assumir o posto de melhor jogador do mundo. Não rolou. O PSG ganha tudo domesticamente, mas não atingiu o objetivo maior, que era conquistar a Europa. Na bolha de Lisboa, em 2020, passou perto. Mas é nítido que, nestes dois anos que se passaram desde então, o clube passou das mãos de uma estrela para a outra. Mesmo que Neymar ajude o PSG a ser campeão da Champions League, não será ele o protagonista.

OK, ganhou dinheiro para umas 10 gerações da família. OK, se divertiu. OK, teve tempo para levar a carreira de celebridade em paralelo à de jogador de futebol. Muitos discordarão da minha leitura quando digo que Neymar errou ao escolher ir a Paris. Mas observem que meu ponto de vista é muito mais esportivo do que outra coisa.

Vejo em Neymar um talento absurdo, um dos grandes craques da história do futebol brasileiro, logo logo ultrapassará Pelé e será o maior artilheiro da seleção. Mas é frustrante ver como a trajetória se desenvolveu. Depois daquela Libertadores épica com o Santos, daquela Champions monstruosa de 2015 com o Barça... veio o que mesmo? Desde a Copa da Rússia, quando ele se transformou em chacota mundial, Neymar fez o quê? Pouco para o tamanho do talento.

Ele e todos nós sabemos que o grande objetivo é ganhar a Copa de 2022 para o Brasil, seria o resultado que mudaria toda a percepção sobre ele e reposicionaria Neymar na história.

Talvez na cabeça dele e seu staff ficar no PSG fosse a melhor opção para levar "na flauta" o primeiro semestre da temporada e chegar bem na Copa. Talvez fosse melhor evitar uma mudança de clube, de país, de ambiente, de cultura.

Eu vejo de outra forma. O melhor para um jogador de seleção é chegar à Copa voando, em alta, com confiança. Foi na França, no fim das contas, que Neymar levou tantas pancadas e perdeu tantos momentos importantes da carreira. É uma liga dura, em que os adversários não disfarçam a vontade de pegá-lo. Ficar na Ligue 1 não garante nada.

Opções não faltam para Neymar, desde que ele pense na parte esportiva e não priorize a financeira. Hoje, só Manchester City e Liverpool, creio, não estariam interessados em Neymar - ainda que duvido que os olhos de Pep e Klopp não brilhem se a oportunidade se apresentar.

No Real Madrid, ele tem lugar - é sonho antigo de Florentino. No Barcelona, nem se fala. Os italianos (Milan, Inter ou Juventus) estariam felizes da vida se conseguissem um jogador com ele. Na Premier League, Neymar se encaixaria imediatamente em clubes como Chelsea, United ou Tottenham. Até no Bayern daria jogo.

É claro que a maioria destes aí acima não iriam atrás de Neymar. Mas uma coisa é o interesse ativo, outra é a oportunidade que pode se apresentar. Neymar não é mais um atleta de futuro, mas ainda é de presente. Todos sabem o impacto que ele pode trazer a qualquer time.

A questão é sempre entender que vai precisar abrir mão do contrato absurdo que tem hoje para ganhar menos. Que vai precisar dar alguns passinhos atrás para se encaixar em um novo modo de trabalho - em qualquer um dos clubes citados, Neymar não teria a liberdade que tem hoje no PSG. Os benefícios, no entanto, seriam muitos: o desafio esportivo, pessoal, as evoluções tática e física. Se saísse de Paris, Neymar chegaria mais forte à Copa do Mundo. Daria, afinal, um passo na direção certa.