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Julio Gomes

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Tenho vergonha de quem chama São Paulo de 'sem vergonha'

Calleri lamenta em clássico entre São Paulo e Palmeiras, pelo Brasileirão - Marcello Zambrana/AGIF
Calleri lamenta em clássico entre São Paulo e Palmeiras, pelo Brasileirão Imagem: Marcello Zambrana/AGIF

21/06/2022 04h00

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Até os 44min30s da etapa final, o São Paulo estava ganhando do Palmeiras pela segunda vez no ano e esquentando a classificação do Campeonato Brasileiro. Em cinco minutos, levou a virada e virou "time sem vergonha".

Oras, se vencesse não era sem vergonha? A vergonha acabou aos 45min? Até o gol de Gustavo Gómez tinha vergonha e deixou de ter?

Detonar o São Paulo depois do clássico de ontem é ignorar um simples fato: do outro lado do campo estava o melhor time do Brasil e atual bicampeão da América, uma equipe que sabe exatamente o que quer, com um técnico longevo e muito bom, um elenco de altíssimo nível, bem treinado e confiante.

O Palmeiras não tinha três titulares e, ao longo do jogo, nem se notou. O São Paulo também tinha desfalques, eram nove. Que parecem fazer mais falta para uma equipe ainda em busca de caminhos. Sim, é verdade que o time deixou a desejar em outras partidas quando tinha o comando do placar. Sim, é verdade que recuou muito no Choque-Rei. Sim, é verdade que o torcedor tem o direito de estar frustrado.

Mas a virada sofrida no Morumbi tem muito mais a ver com o Palmeiras do que com o São Paulo. Que time arranca um empate no Morumbi aos 45min do segundo tempo e parte em busca da virada? Vamos lembrar que o São Paulo jogou recentemente na casa do vice-líder, o Corinthians, também vencia por 1 a 0, também levou o empate e nunca o adversário, que jogava em casa, foi buscar a virada como o Palmeiras fez.

O balde de água gelada deixou Rogério desnorteado, como se notou na entrevista pós-jogo. O técnico não sabia nem falar o que fazer na Copa do Brasil, quando a escolha é mais do que óbvia: ir com tudo no principal torneio que o São Paulo pode vencer no ano (e nunca venceu na história). Rogério considera que o planejamento tático deu certo, saiu como ele imaginava, mas ainda assim o time perdeu.

Se tudo foi bem feito e o time perdeu, se o elenco é esse aí mesmo e não haverá novidades para o Choque-Rei da Copa do Brasil, como ter esperanças antes do jogo de quinta-feira? Ceni é um homem da ciência, não um homem de fé. Nestas próximas horas, será necessário se agarrar mais na fé do que na ciência.

O São Paulo deixa pontos pelo caminho e não está preparado para ser campeão brasileiro. É um time inconsistente, não há dúvidas. Mas sem vergonha?