Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
De gênio a dinheirista: Mbappé escolhe a França e desperta a fúria em Madri
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
O mundo inteiro achava que Mbappé jogaria no Real Madrid - possivelmente, ele também. Mas as coisas mudaram, e será feito hoje o anúncio do "fico". De repente, Mbappé virou inimigo público número 1 do madridismo. Em vez de "futuro Bola de Ouro", Mbappé é agora um mero dinheirista, um mercenário.
Nas palavras de Tomás Roncero, um caricato colunista do diário "As", madridista declarado, Mbappé escolheu ser "um perdedor".
Está claro que a dinheirama derramada derramada diretamente do banco do Catar para a conta da família faz muita diferença na tomada de decisão - afinal, Mbappé sempre deixou claro que o sonho de criança era vestir a camisa branca do Real. Mas não é só grana, até porque o Real Madrid não estava oferecendo exatamente paellas e sangrias como pagamento. A coisa tomou contornos maiores.
Virou uma "questão nacional" para a França segurar o maior jogador do país no clube da capital - e vamos lembrar que o fisco francês está também esfregando as mãos com a mordida que dará no salário de 100 milhões de euros anuais (segundo especulações). Não que a opinião pública local importe, mas a ditadura do Catar também precisava evitar o vexame que seria perder Mbappé em ano de Copa do Mundo no país.
Até o presidente da República foi envolvido na operação de "convencimento". Pelo jeito, só Mbappé mesmo queria sair e provavelmente a mãe dele e outros agentes envolvidos devem tê-lo convencido de que jogar no Real Madrid ainda seria uma possibilidade daqui dois ou três anos - de fato, Kylian tem só 23.
A decisão é esportivamente muito discutível. Mas tampouco pode ser chamada de absurda.
Afinal, o que vimos nesta temporada? Vimos o Real Madrid ser campeão espanhol, chegar à final da Liga dos Campeões e mostrar ao mundo o peso desta camisa. Não há herói maior que o clube. Há, sim, grandes jogadores escrevendo páginas do livro mais glorioso do futebol europeu.
O PSG nem livro tem ainda, está no rascunho. O clube tem só 50 e poucos anos de vida, o Real já tinha seis Copas da Europa quando o Paris foi fundado. E, convenhamos, a história só passou a chamar alguma atenção desde a transformação em clube-Estado, 10 anos atrás. Mbappé tem a chance de escrever o livro em primeira pessoa, não só ser "mais um". De fato, dizem que, pelo novo contrato, ele vai poder até escolher técnico, aprovar e vetar transferências. Leonardo é a primeira via, será dispensado. O PSG meio que passa a ter um jogador-proprietário a partir de agora.
"Ah, mas vai jogar na porcaria do Campeonato Francês". É fato. Ele precisa, talvez, usar a grana que vai ganhar para comprar jogadores para os outros times. Mas o objetivo é mais do que claro, é ganhar a Champions League, e ele terá Neymar e Messi ao lado por mais alguns anos. Aliás, a partir de agora o "Champions é obrigação", que era um carimbo na testa de Neymar, virou uma tatuagem na de Mbappé.
Florentino Pérez deve estar louco da vida. O Real Madrid ajustou as finanças, com pandemia no meio, para fazer a contratação do jogador que promete ser o mais dominante da Europa nos próximos anos. Deixou passar oportunidades como Haaland, que foi para o Manchester City.
Espanhóis e franceses nunca se deram muito bem, e a rivalidade esportiva, que inclui acusações até de doping, cresceu nos últimos anos. Mbappé virou uma questão diplomática. E escolheu um lado. Por mais dinâmico que seja o futebol, difícil imaginar que, no futuro, possa defender o outro.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.