Topo

Julio Gomes

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Gomes: Plano de Abel deu errado, Flamengo chega mais confiante à final

Weverton e Gustavo Goméz discutem durante Fortaleza x Palmeiras - Reprodução
Weverton e Gustavo Goméz discutem durante Fortaleza x Palmeiras Imagem: Reprodução

21/11/2021 12h27

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

O plano de Abel Ferreira deu errado. O que não quer dizer que o Palmeiras perderá a final de sábado contra o Flamengo. É 50-50, como venho dizendo há tempos. Mas deu errado.

Antes de uma final, a ideia não é somente ter um time chegando a ela bem fisicamente. A ideia é também ter um time ajustado taticamente e confiante. Três derrotas consecutivas, duas delas com o time titular que jogará a decisão e uma contra um dos grandes rivais, um jogo muito desejado pela torcida e que acabou em vaias, tiram a confiança de qualquer um. E a briga feia entre Wéverton e Gustavo Gómez no campo, então? Essa, definitivamente não estava nos planos de Abel.

O português é um cartesiano, um cara extremamente racional e que tenta implementar lógica em um futebol ilógico, que é o brasileiro. A três semanas da final da Libertadores, usar o time titular nos fins de semana e o reserva nos meios de semana tem todo o sentido. Até Renato, que não passa nem perto de ser o estrategista que é Abel, fez o mesmo. Era o óbvio.

Mas o óbvio podia não ser o ideal para o Palmeiras. O melhor teria sido colocar reservas contra Fluminense e Fortaleza e não colocar os titulares nem para viajar para estes jogos. Poderiam ter ficado o fim de semana em casa, com a família - descansar a mente também é importante, não só as pernas. Os titulares teriam jogado contra o São Paulo, podendo vencer (ou não, é do jogo, mas pelo menos o time competiria e agradaria a torcida, coisa que não aconteceu). E, então, teriam dez dias antes da final.

Não há ciência que prove que descansar dez dias seja melhor do que sete. Também não há ciência que prove que jogar sete dias antes do objetivo represente algo melhor do que jogar dez dias antes, em termos de ritmo. Se usarmos a final da Uefa Champions League como parâmetro, veremos que os finalistas costumam ficar duas semanas sem jogar antes da partida - às vezes, até mais.

Se algum jogador tem algum desconforto muscular no compromisso antes da final, o que é melhor, ter dez ou sete dias de diferença entre os dois jogos? Pois é.

O plano de Abel ter dado errado significa que o Palmeiras vai perder? É lógico que não. É um jogo único no sábado que vem, um jogo que eu considero 50-50 desde que ele foi definido. Não fui afetado pelas fases de Palmeiras e Flamengo. É uma disputa completamente aberta.

Mas, depois de reconquistar a confiança e encontrar um time mais interessante, com a presença de Gustavo Scarpa no meio de campo ao lado de Raphael Veiga, é claro que não foi legal perder tantas vezes, ter a confiança e a harmonia arranhadas.

Do outro lado, um Flamengo que andava claudicante e que ainda deixa muitas interrogações táticas, reconquistou o espírito vencedor. Desde a derrota humilhante para o Athletico, na Copa do Brasil, o Flamengo ganhou seis e empatou duas - dois empates sofridos no Sul do país, é verdade, mas que já fazem parte do passado.

Além de recuperar a confiança em termos de resultado e performances individuais, o Flamengo tem de volta David Luiz, que será importante na final - com ele, o time só ganha. E, claro, De Arrascaeta, que voltou ontem, contra o Inter, e possivelmente será titular contra o Grêmio, na terça-feira, para ganhar mais ritmo.

Já estou dizendo há tempos, acho que a melhor solução para o Flamengo é iniciar a final com Arrascaeta no banco. Michael está jogando demais, seria uma grande injustiça tirá-lo do time titular. O uruguaio pode ser muito mais útil entrando no segundo tempo, aproveitando ao máximo o que ele pode dar e em um contexto de jogadores desgastados em campo. Além do mais, ele pode entrar no lugar de X ou Y, em função do resultado parcial da partida.

A uma semana da final, podemos dizer que os últimos dias foram mais favoráveis ao Flamengo. Já foi assim no mês passado, depois a coisa se inverteu. E agora inverteu de novo, ainda que de forma menos drástica. É uma final aberta, no entanto, bem aberta, com os dois times próximos do melhor possível que possam ter à disposição. É 50-50.