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Julio Gomes

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Derrota de Djokovic no tênis é a mais inesperada da Olimpíada

Novak Djokovic perde nas semifinais dos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 - Getty Images
Novak Djokovic perde nas semifinais dos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 Imagem: Getty Images

30/07/2021 07h32

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E foi-se o Golden Slam. Campeão do Australian Open, de Roland Garros e Wimbledon, Novak Djokovic tinha uma raríssima chance no tênis: de vencer os quatro torneios majors e também a competição olímpica. Mas ele acabou derrotado nas semifinais de Tóquio para o alemão Alexander Zverev, número cinco do mundo.

Só outra alemã, Steffi Graf, conseguiu o Golden Slam, em 1988. O feito nunca foi conseguido por um homem.

Zverev não é um tenista qualquer. É o cinco do mundo, afinal. Mas o alemão de 24 anos, filho de russos, nunca venceu um torneio de Grand Slam. Na sua grande oportunidade, a final do US Open do ano passado, vencia a final por 2 sets a 0, mas levou a virada para o austríaco Dominic Thiem.

Ele explodiu no circuito em 2017 e ganhou dois dos três primeiros duelos contra Djokovic, mas havia apanhado nos últimos cinco confrontos entre eles, incluindo as quartas de final na Austrália, no início do ano. Não é preciso enumerar muitas razões para explicar por que Djoko era muito favorito para o duelo de hoje e para a medalha de ouro.

A vitória de Zverev deixa o mundo do tênis de queixo caído e talvez seja uma espécie de banho de humildade para o número um do mundo.

Na Rio-2016, Djokovic havia perdido na primeira rodada para o argentino Juan Martín del Potro, mesmo algoz da disputa da medalha de bronze em Londres-2012. Antes, em Pequim-2008, ele havia, sim, conquistado o bronze após perder de Nadal na semifinal. Ainda pode conquistar o bronze de novo na disputa pelo terceiro lugar em Tóquio (jogará contra o espanhol Carreno Busta). E ainda há a chance de ouro nas duplas mistas, em que ele está nas semifinais ao lado de sua colega sérvia.

E, claro, Djokovic ainda pode completar o Grand Slam se vencer o US Open este ano, feito só atingido por dois homens na história - Don Budge (1938) e Rod Laver (1962 e 1969). Se o fizer, ele passará a ser também o maior campeão de Grand Slams da história, chegando a 21 e deixando Federer e Nadal (ambos com 20) para trás.

Por tudo isso, ele era, possivelmente, o maior favorito ao ouro somando todas as modalidades olímpicas. A maior estrela individual dos Jogos.

Mas Djokovic caiu demais no conceito depois da postura adotada no ano passado, organizando torneio festivo em plena pandemia - o que lhe rendeu o apelido de "Djo-Covid". E ainda assumindo uma espécie de discurso anti-vax, quando o mundo inteiro corria aflitamente atrás de uma vacina que pudesse ajudar a diminuir a enorme quantidade de mortos que víamos mundo afora (e ainda vemos).

Caiu ainda mais no conceito depois de acertar um smash nas costas de Marcelo Melo, no jogo de duplas mistas contra os brasileiros, na primeira rodada olímpica (a história está aqui). Para muitos, a derrota de Djokovic para Zverev tem um gostinho especial. Tinha muita gente torcendo contra no mundo do tênis.

O fato é que, mesmo se ganhar o bronze nas simples e o ouro nas duplas mistas, Djokovic transformou-se na grande decepção olímpica. A derrota mais inesperada de Tóquio-2020 ocorreu nesta sexta.

Importante citar outra no próprio tênis: a queda de Naomi Osaka no feminino. Podemos lembrar de outras zebras em outras modalidades. Mas aqui estamos falando do número 1 do mundo (disparado) e, repito, da maior estrela dos Jogos. A queda de Djoko não estava no script.