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Julio Gomes

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Mbappé e Neymar são o brilho, mas Marquinhos e Navas é que salvam o PSG

Marquinhos ampliou para o PSG sobre o Bayern de Munique após bonita assistência de Neymar - Alexander Hassenstein/Getty Images
Marquinhos ampliou para o PSG sobre o Bayern de Munique após bonita assistência de Neymar Imagem: Alexander Hassenstein/Getty Images

08/04/2021 04h00

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Neymar e Mbappé são os gênios. Os protagonistas. Os caras que recebem mais, que vendem mais camisas, que captam mais fãs, que fazem mais gols. Mas o que seria do Paris Saint-Germain se não fossem os heróis improváveis?

Gente como Marquinhos e Keylor Navas precisava ganhar o "bicho" destes caras em jogos como o de ontem, a vitória por 3 a 2 sobre o Bayern de Munique, pela Liga dos Campeões da Europa. São os que salvam. Os que permitem ao time ter a chance da vitória. Logo, cabe aos craques fazer essa chance virar (ou não) realidade. Ontem, fizeram.

Talvez nunca vejamos em vida um goleiro tão subestimado quanto Keilor Antonio Navas Gamboa, o maior herói da história do futebol da Costa Rica. A Copa de 2014 será para sempre marcada pelo que fizeram os alemães e as grandes atuações de Neuer. Mas tentem se lembrar de Navas naquele Mundial. Uma dica: a Costa Rica só foi eliminada nas quartas de final, nos pênaltis, diante da Holanda.

Aí Navas deixa o Levante para simplesmente assumir o gol do Real Madrid, campeão da Europa. E conquista outras três Champions League. Sempre com defesas decisivas, sempre salvando a pele dos Ronaldos, Marcelos, Modrics e Ramos da vida na hora em que foi preciso. Apesar de tudo isso, sai do Real meio que desprezado. Quem coloca Navas na lista de melhores goleiros da história do Madrid? Quem coloca Navas na frente, por exemplo, de Casillas? Ninguém.

Vai parar no PSG das estrelas. E adivinhem? Não cansa de salvar a pele dos Neymares e Mbappés.

Contra o Bayern foi assim, em Munique, com defesas cruciais. Já havia sido assim contra o Barcelona, nas oitavas, defendendo até pênalti de Messi. Navas é enorme.

Assim como Marquinhos. Que zagueiro! Está cheio de defensor meia boca que ganhou a vida fazendo alguns golzinhos. Marquinhos não só faz gols como é impecável no que é preciso lá atrás.

Contra o Bayern, Neymar perdeu um gol mano a mano com Neuer. Mbappé também, ainda que estivesse impedido no lance. Marquinhos? Com ele, não tem erro. Viram a calma para finalizar diante de Neuer e fazer o 2 a 0? É coisa de jogador com muito fundamento e muita confiança.

Na fase de grupos, fez gol crucial em um jogo contra o Manchester United. No ano passado, fez o gol do empate milagroso (que se transformaria em virada) contra a Atalanta, nas quartas. Voltou a marcar na semi, contra o RB Leipzig. Recentemente meteu gol nas eliminatórias, pela seleção. Mas tudo isso é a cereja do bolo. O principal é que é um zagueiro extremamente confiável, de grande noção de posicionamento, impulsão, qualidade técnica para desarmar e para armar, com ótimos passe e visão. Tanto que já jogou muito como volante.

Marquinhos saiu de campo aos 30min ontem, machucado. A partir daí, todas as bolas cruzando a área do Paris viraram um pandemônio. Não à toa, o empate do Bayern veio em dois gols de cabeça. Será um problema enorme se ele não puder jogar a volta, terça que vem - um jogo que certamente terá domínio total do Bayern em busca do resultado.

Todas as manchetes do mundo ontem e hoje falam de Neymar e Mbappé, Mbappé e Neymar. Mas esses caras nem teriam chances, não fossem os heróis lá atrás. Ainda mais em um time "mole" para marcar, como é o PSG. Eu não sei se o Paris teria esperança de ganhar a Champions sem as grandes estrelas. Mas, com o desenho atual do elenco e como o time joga, certamente não teriam chance alguma sem Navas e Marquinhos.