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Julio Gomes

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Portugal ganha, mas o futebol mostrado é pobre e frustrante

Cristiano Ronaldo marca na partida entre Portugal e Luxemburgo pelas Eliminatórias da Copa - Alexander Scheuber/Getty Images
Cristiano Ronaldo marca na partida entre Portugal e Luxemburgo pelas Eliminatórias da Copa Imagem: Alexander Scheuber/Getty Images

30/03/2021 17h42

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Vocês sabem quantos treinadores de futebol foram campeões de duas Eurocopas? Nenhum. Isso mesmo. Zero.

Campeão de duas Copas do Mundo? Só um. Vittorio Pozzo, vencedor com a Itália em 34 e 38 - convenhamos, em uma época ainda amadora do esporte. Dois conseguiram a dobradinha Copa-Euro: o alemão Helmut Schon, campeão europeu em 72 e mundial em 74; e Vicente del Bosque, campeão da Copa em 2010 e da Euro em 2012 com a Espanha.

Será que o português Fernando Santos tem o perfil de entrar para em um grupo tão seleto? Para ser o primeiro bi europeu de todos os tempos?

Não sei, tenho dúvidas. Fernando Santos está na história de Portugal e precisa ser respeitado. Um técnico low profile, com aquela ranzizice tradicional de muitos tugas da geração dele - que foi campeão com o Porto, fez bons trabalhos na Grécia e com a seleção grega no ciclo 10-14.

O cara ganhou a Euro e a Nations League para Portugal, que nunca havia sido campeão de nada. Repito: está na história. Mas será que já não atingiu o máximo? Eu sempre digo. Em time que está ganhando, se mexe sim. Para evoluir, para crescer, para arejar.

Santos é um técnico feijão com arroz, mas Portugal hoje tem material humano para fazer muito mais que isso. É verdade que as seleções se reúnem em cima da hora, a temporada está sendo desgastante e é difícil fugir do básico, mas haverá mais tempo de treinamento para a Euro, em 2021, e para a Copa do Catar, em 2022. São as últimas duas competições de Cristiano Ronaldo com a seleção portuguesa.

A campanha de Portugal na Euro-16 foi bem estrelada - não tem campeão sem sorte. Em 2018, por outro lado, faltou sorte na caminhada. O que nunca teve nestes anos todos foi um futebol vistoso. O que sempre teve foi futebol competitivo.

Nesta terça, pelas eliminatórias, Portugal sofreu para vencer Luxemburgo por 3 a 1, de virada. Na semana passada, fez 1 a 0 em cima do Azerbaijão. No fim de semana, empatou por 2 a 2 com a Sérvia - é verdade que um gol legítimo de CR7, que seria o da vitória, não subiu ao placar.

É mais do mesmo. Portugal apresenta resultados, mas não muito jogo. O futebol apresentado é pobre. Será que é o modelo ideal para as duas próximas competições? Eu sempre considero que jogar bem te aproxima mais dos resultados, jogar mal te deixa mais refém da sorte.

Com todo o respeito que tenho por Fernando Santos e sua história, eu adoraria ver Portugal dar uma guinada após a Euro, para o curto ciclo até o Mundial. Tem muito técnico português bom por aí, gente com ideais novas, que poderia dar uma arejada neste jogo que vem sendo apresentado pela seleção lusa.

É claro que é fácil falar daqui, os dirigentes vivem o dia a dia da seleção e podem pensar de forma totalmente diferente. Mas que está sendo frustrante ver Portugal jogar, com tanto jogador bom, isso está.