Topo

Julio Gomes

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

E se os clubes brasileiros abdicassem de jogar o Mundial?

Felipe Melo em ação pelo Palmeiras no Mundial - GettyImages
Felipe Melo em ação pelo Palmeiras no Mundial Imagem: GettyImages

12/02/2021 04h00

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

"Vexame" era a palavra de ordem nas redes sociais, ontem. Logicamente, a gozação aos palmeirenses tomou conta do Twitter, do Facebook, dos grupos de Whatsapp e por aí vai. A fábrica de memes vem trabalhando em turno triplo desde domingo.

Foi vexame acabar em quarto lugar o Mundial de Clubes? Se não foi, é algo perto disso. O Palmeiras é o primeiro time sul-americano a acabar fora do pódio, não fez um gol sequer e em nenhum momento foi superior a um time do México e outro do Egito. O modo como o Palmeiras caiu é que deixa um sabor muito amargo na boca.

O clube palestrino ganhou uma Libertadores outro dia. Foi apenas a segunda conquista da história, 21 anos depois da primeira. Um título enorme, gigante, talvez o maior que o Palmeiras efetivamente possa ganhar.

Mas aí entra a obsessão que vem de décadas por parte de todos os clubes brasileiros, entra a piadinha do "não tem Mundial" e o fracasso no torneio da Fifa passa por cima da "glória eterna" como um caminhão desgovernado.

A glória eterna da Libertadores é sucedida pela piada eterna que foi o Palmeiras no Mundial do Catar.

Será que valia à pena ter jogado? Tenho certeza que o torcedor palmeirense preferia que esta semana nunca tivesse sido escrito nas páginas históricas do clube. Assim como os do Inter, do Atlético e mesmo do Santos, após aqueles 4 a 0 para o Barcelona.

Com esse negócio de Mundial tão colado à Libertadores, não dá tempo de curtir devidamente um título continental. Fatalmente virão, dias depois, algum tipo de derrota no torneio da Fifa e a frustração. E, claro, as gozações.

É óbvio que minha pergunta no título desta coluna é apenas uma provocação. Clube nenhum vai abrir mão de jogar um Mundial e nem preciso explicar por quê.

Se a Fifa mudar o formato, incluindo mais clubes, aí a chance de um sul-americano ser campeão será tão ínfima, mas tão ínfima, que talvez a ausência completa de expectativas tempere a chateação posterior. Mas, enquanto isso não acontece, seguiremos vendo nossos times alternarem entre o "jogou de igual para igual", a derrota na semifinal e algum tipo de vexame. A opção "ganhar" não parece ser uma opção na atualidade.

É claro que futebol é futebol, já sabemos de tudo isso, mas a opção "ser campeão" é muitíssimo mais improvável que algum papelão - papelão este que só serve de munição para os torcedores adversários. Ou seja, o Mundial de Clubes hoje traz muito ônus para um bônus quase impossível.

Repito: Ninguém vai deixar de jogá-lo. Mas o Mundial, hoje, virou uma fábrica de memes para os clubes brasileiros.