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Julio Gomes

Lebron, Nadal e Hamilton: um domingo para a história

James enterra na partida decisiva das finais da NBA entre Lakers e Heat - Douglas P. DeFelice/Getty Images
James enterra na partida decisiva das finais da NBA entre Lakers e Heat Imagem: Douglas P. DeFelice/Getty Images

11/10/2020 23h03

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Um dia. Apenas um dia. Não uma semana, um mês ou um ano. Um dia. Um domingo. 11 de outubro de 2020. Um dia para os amantes do esporte se lembrarem para sempre.

O dia em que três recordes que pareciam insuperáveis foram igualados. O dia em que três pessoas mostraram mais uma vez todo seu valor e importância.

Lebron James, Lewis Hamilton e Rafael Nadal tiveram atitudes e discursos exemplares no ano mais estranho e dramático de nossas vidas. O ano em que um vírus dizimou tantas vidas, nos trancou em nossas casas, nos fez repensar tantas coisas, reafirmar valores.

O ano em que pudemos claramente diferenciar pessoas que pensam no todo das pessoas que pensam apenas nelas mesmas ou nos próprios interesses.

O ano em que os negros voltaram a soltar o grito que parte do mundo insiste em não ouvir.

Coisas que Kobe Bryant não viu. Mas, se tivesse visto, teria estado ao lado de Lebron James, o grande personagem da movimentação política da NBA. Black Lives Matter. Votem. Mostrem indignação. Façam suas vozes serem ouvidas.

Quem poderia imaginar que Lebron James, com 35 anos de idade, pudesse liderar e ser campeão da NBA por um terceiro time diferente?

Quem poderia imaginar que o Boston Celtics, a franquia que teve maior período de domínio na NBA, seria alcançado um dia? A vantagem para os Lakers chegou a ser de 16 a 9 nos anos 80, no auge de Magic x Bird, a rivalidade que fez a liga verdadeiramente ganhar relevância nacional e internacional. Uma rivalidade que, diga-se, transcendeu as quadras e se transformou em uma disputa com conotação racial e comportamental país afora.

Hoje, com o título conquistado na bolha de Orlando, os Lakers chegaram a 17 títulos, os mesmos 17 dos Celtics. Pela primeira vez em quase 60 anos, Boston não está mais no topo da lista.

Se a NBA deu um exemplo de protocolos e cuidado diante da pandemia com a criação da "bolha", Rafael Nadal fez o mesmo ao esperar tanto para voltar às quadras de tênis, mostrar respeito pelos mortos, tantos afetados, mostrar alegria comedida ao levantar seu 13o troféu de Roland Garros.

Todo o contrário do que fez Novak "Djokovid" ao forçar a barra, organizar torneios festivos e chocar o mundo durante meses de pesar e preocupação.

Nadal em Roland Garros talvez seja o caso de maior domínio de um esportista, em qualquer esporte, em uma circunstância específica.

Quem diria que Roger Federer teria seus 20 títulos de Grand Slams alcançados? Agora, são dois no topo da lista.

O terceiro recorde alcançado neste domingo história foi o de vitórias na Fórmula 1. Quando Michael Schumacher chegou a 91 vitórias, quase totalizando a soma de vitórias de Prost e Senna, um número absurdo, nunca se imaginou que alguém pudesse alcancá-lo.

Quis o destino que na Alemanha, pertinho da cidade onde nasceu Schumy, Lewis Hamilton conseguisse a vitória de número 91 em sua carreira.

Hamilton é, ao lado de Lebron James, a grande voz entre os esportistas por justiça racial. Um negro na Fórmula 1, um esporte milionário, elitista... branco.

Talvez você prefira Jordan a Lebron. Talvez preferia Schumacher a Hamilton. Talvez prefira Federer a Nadal. Isso não importa hoje. Gosto é gosto, não se discute. Lebron, Rafa, e Lewis já estavam na história. Hoje, subiram mais um degrau naquela escadaria ocupada somente pelos maiores entre os maiores.