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Julio Gomes

Uefa e Conmebol acertam com adiamentos. Mas como adaptar os calendários?

São Paulo x Santos no Morumbi vazio, uma cena que será comum neste ano - Felipe Espíndola/SPFC
São Paulo x Santos no Morumbi vazio, uma cena que será comum neste ano Imagem: Felipe Espíndola/SPFC

17/03/2020 12h58

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A Uefa e a Conmebol não tinham o que fazer.

A Euro-2020 era simplesmente impossível de ser realizada, ainda mais pelo formato único que ela teria, disputada em 12 países. A Europa está acuada. As fronteiras, abertas em tempos de União Europeia, foram fechadas. São tempos de dúvidas e de união, tempos sombrios, que o continente não vive desde as duas grandes guerras.

Como celebrar uma festa como a Euro deste jeito? Era melhor mesmo deixar para o ano que vem, quando - assim esperamos - tudo já estará de volta ao normal. Um fato inédito, logicamente. Nunca uma Copa do Mundo ou Eurocopa foi disputada em ano ímpar.

A Copa América seria em pleno inverno na Argentina e na Colômbia, quando talvez o coronavírus esteja pegando por aqui em nosso continente. Além de tudo, haveria o conflito por muitos jogadores convocáveis serem atletas de clubes europeus.

E aí entra o debate de calendário. Ao empurrar a Euro, a Uefa abre um espaço no calendário para que as ligas domésticas, a Liga dos Campeões e a Europa League sejam retomadas. A ideia é fazer a final da Champions no dia 27 de junho. Por que em junho, não em julho? Porque muitos contratos de jogadores de futebol valem só até junho.

É uma decisão bem discutível. O ideal seria começar mais tarde e "invadir" o mês de julho. Os dirigentes esperam retomar o futebol no meio de abril, o que parece absolutamente impossível no momento. Em um comentário de uma notícia do jornal espanhol "Marca", um leitor questiona: "o que fumam esses caras da Uefa, que acham que teremos futebol em um mês?".

O plano, possivelmente, seja garantir que atletas estejam livres do vírus após quarentenas e que partidas sejam disputadas com portões fechados. O lado esportivo e a arrecadação são afetados, mas pelo menos a TV tem seu produto, os patrocinadores são expostos e teremos campeões e rebaixados.

Para esse plano dar certo, claro, são necessários um pouquinho de sorte e muita resiliência da população, encarcerada em suas próprias casas. Será que aparecerá alguma boa notícia que contenha o coronavírus? Talvez a chegada da primavera e, depois, do verão? Talvez o calor, além das medidas de contenção e isolamento social, façam com que a Europa possa voltar a ter vida em um ou dois meses.

Não é a coisa mais importante do momento, mas seria muito desagradável que os campeonatos todos ficassem sem fim. Sem campeões. Sem os grandes jogos da Champions.

O calendário brasileiro é um desafio bem diferente. O adiamento da Copa América não muda muita coisa, já que o Brasileirão não pararia mesmo. Nosso calendário é completamente encavalado, com Estaduais, Brasileiro, Copa do Brasil, Libertadores, etc.

Uma solução interessante seria fazer a Copa do Brasil inteira com jogos únicos. A Libertadores deve ficar para o segundo semestre. Os Estaduais não precisam de muitas datas para acabar, então também não é a coisa mais complicada.

E o Brasileirão? Muitos defendem a adequação ao calendário europeu, começando o campeonato em agosto e fazendo uma temporada 20/21. Mas me parece mais desejo do que realidade. Mais fácil seria a volta do mata-mata, com turno único e oito classificados para os playoffs, que seriam em dezembro.

Agora, só resta aguardar e torcer. Fiquem em casa! Lavem as mãos como se não houvesse amanhã.