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Julio Gomes

Quem pode se dar bem (ou mal) com a parada do futebol europeu?

Lionel Messi comemora com Jordi Alba e Luis Suárez após marcar pelo Barcelona sobre o Valladolid - LLUIS GENE / AFP
Lionel Messi comemora com Jordi Alba e Luis Suárez após marcar pelo Barcelona sobre o Valladolid Imagem: LLUIS GENE / AFP

14/03/2020 04h00

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O futebol europeu parou. A Uefa demorou, mas finalmente anunciou o adiamento dos jogos da semana que vem, de Liga dos Campeões e Europa League - possivelmente anunciará na terça o adiamento da Euro-2020. A Inglaterra, que parece viver no mundo da Lua ultimamente, demorou também, mas diante de jogadores e até técnico do Arsenal com coronavírus, finalmente adiou a Premier League. A Bundesliga já anunciou adiamento até 26 de abril, pelo menos.

Vamos imaginar que as ligas parem por um mês, talvez dois. Dado o controle do vírus feito na China e a chegada da primavera na Europa, é bem capaz que os torneios sejam reiniciados entre abril e maio. É um chute, claro, uma especulação - tem que dirigente que quer cancelar tudo agora, decretar campeões e tchau. Se houver um reinício, depois deste período forçado de inter-temporada, quem pode se dar bem? E para quem a parada vai ser pior?

PODEM SE DAR BEM:

Barcelona e Real Madrid - os dois gigantes estão jogando francamente mal e se alternam na liderança na Espanha justamente pela instabilidade. Setién chegou na fogueira, agora pode ter tempo para entender o elenco, treinar, até recuperar algum lesionado, tipo Luis Suárez. E Zidane é outro que terá tempo para resgatar alguma eficiência ofensiva no Real Madrid. Além do mais, ambos teriam de buscar resultados na Champions para passar, o Real Madrid não teria a menor chance contra o City neste momento da temporada. De repente em alguns meses a história pode ser outra - a parada só será trágica para o Real se La Liga resolver decretar o Barça campeão.

Tottenham - O time de José Mourinho não vence há seis partidas, foi eliminado da Champions e da Copa da Inglaterra e já ocupa a oitava posição na Premier, a sete pontos do G4. A pausa pode ser importante para Mourinho colocar a casa em ordem e, principalmente, recuperar machucados, como Kane e Son, que talvez não jogassem mais na temporada. Para se ter uma ideia, neste fim de semana o Tottenham teria sete desfalques para enfrentar o Manchester United, em jogo crucial.

Juventus - A Juve já precisou fazer um jogo crucial com portões fechados, no fim de semana, contra a Inter de Milão. Acabou vencendo e voltando à liderança na Itália. Mas a parada da Champions evita que o time de Cristiano Ronaldo tenha de fazer também sem torcida o jogo de volta contra o Lyon, após a derrota por 1 a 0 na França.

PODEM OU SE DERAM MAL:

Liverpool - Eliminado de todas as Copas, está pertinho, pertinho de quebrar um jejum de 30 anos sem título inglês. Parece inacreditável que o time de Klopp não vá ter essa oportunidade no campo. Bastava mais uma semana de jogos para o Liverpool sair da imensa e desagradável fila. A parada é a maior ducha de água fria possível.

Paris Saint-Germain - Após a bela vitória sobre o Borussia Dortmund e a classificação na Champions, o PSG perde o momento. Ia disputar duas finais de Copas domésticas, garantir a Ligue 1 e tinha Neymar em ótima fase, crescendo e ganhando ritmo na temporada. Quem garante que o brasileiro estará confiante, focado e saudável daqui a alguns meses? A parada é péssima para o Paris.

Manchester United - O time vive seu melhor momento com Solskjaer, são cinco jogos sem derrotas na Premier (com vitória sobre o City), e 11 somando todas as competições - está vivo na Copa da Inglaterra e com o pé nas quartas da Europa League, após a goleada sobre o Lask. Qualquer time que vive um grande momento é prejudicado com uma parada como essas.

Bayern de Munique - Outro que, após início ruim, conseguiu finalmente se acertar na temporada e vinha jogando o fino. Já abriu vantagem na Bundesliga e está com a classificação nas mãos na Champions, após vencer o Chelsea em Londres. O técnico Hans Flick assumiu como interino em novembro e foi efetivado no cargo em dezembro. Com ele, o Bayern ganhou 18 de 21 jogos, não perdeu de ninguém em 2020 e tinha pinta de atropelar todo mundo neste fim de temporada - inclusive na Champions.