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Julio Gomes

Real Madrid enfrenta match point contra o Barcelona

8.jan.2020 - Técnico Zinedine Zidane durante partida do Real Madrid - Sergio Perez / Reuters
8.jan.2020 - Técnico Zinedine Zidane durante partida do Real Madrid Imagem: Sergio Perez / Reuters

29/02/2020 04h00

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Resumo da notícia

  • Fevereiro trágico deixa o Real Madrid contra as cordas na temporada
  • Zidane é criticado por decisões recentes e até sua continuidade é questionada
  • Problemas ofensivos do Real são o grande desafio para o treinador

De time bem resolvido, bom defensivamente, com boas alternativas de jogo e um técnico com comando total do elenco - pela história como jogador e, claro, pelas vitórias como treinador do próprio Madrid - a um time contra as cordas, a ponto de ficar sem chance alguma de título na temporada.

Esta é a fotografia do Real Madrid no momento, às vésperas do superclássico de domingo contra o Barcelona (17h).

Como o futebol é muito dinâmico, Zidane é o vilão do momento. Não é aquele vilããããão, odiado, detestado, criticado de peito cheio, porque a história do cara lhe dá um crédito gigantesco. Mas crédito eterno não existe. E ele errou.

Zidane já tinha errado algumas vezes na sequência surreal de três Champions vencidas pelo Madrid, em sua primeira passagem - início de 2016 a meio de 2018. O francês nunca foi Guardiola. Não é um técnico inventivo, criativo. Mas ele foi evoluindo, e ainda tem muita margem de evolução. Talvez seu trabalho agora, pegando um time destroçado e sem Cristiano Ronaldo, seja ainda mais valioso do que o primeiro, apesar das taças.

Ele errou primeiramente ao jogar fora a invencibilidade de 21 partidas e a vida na Copa do Rei, ao escalar reservas contra a Real Sociedad. Não havia razões para poupar tanta gente e quebrar o momento.

Como disse um articulista espanhol, é melhor comer pão duro do que passar fome. E, ao jogar na lata do lixo a Copa do Rei, Zidane desperdiçou a chance mais fácil de ganhar alguma coisa neste ano.

Depois, vieram os surpreendentes tropeços contra Celta e Levante. E a não tão surpreendente derrota para o Manchester City na Champions League - a sexta vitória de Guardiola em nove jogos no Bernabéu, ele sim é um vilão para o madridismo.

Neste jogo, Kroos ficou, pela primeira vez desde que chegou a Madri, no banco em um jogo fundamental. E os dedos todos apontam para Zidane. Em um jogo dominado completamente pelo City no meio, com o brilho de De Bruyne conduzindo a partida, não era possível abrir mão de Kroos. E, ainda por cima, quando o time vencia, o técnico tirou Vinícius Jr, o melhor em campo pelo Real, para colocar o peso morto que virou Bale. Era, de novo, hora para Kroos e um meio de campo mais inteligente e firme para suportar a pressão.

Em um piscar de olhos, o Real Madrid está fora da Copa do Rei, na UTI na Champions e dois pontos atrás do Barcelona na Liga espanhola.

O clássico de domingo é um match point. Se o Real Madrid perder, e tem perdido com frequência do Barcelona em casa, a Liga espanhola fica difícil de ser alcançada - seria necessário fazer seis pontos a mais que o rival em 12 rodadas.

"Minha continuidade?", perguntou Zidane hoje na coletiva pré-jogo. "Pergunte a outro, estou focado no meu trabalho".

Sem Hazard, machucado, sem Bale, que agora vive em Marte, sem Rodrygo, suspenso e carente da confiança do técnico, sem Benzema, que esqueceu os gols em 2019 - foram só dois neste ano, um nos últimos nove jogos de Liga. A situação ofensiva do Real Madrid no momento é o grande desafio para Zidane, que só conta com Vinícius Jr em bom momento.

Melhor seria afrontar a situação com Tony Kroos e com todos os jogadores de mais experiência no elenco.

O clássico sempre pode mudar tudo. Se vencer, o Real Madrid volta à liderança, recupera a confiança e salva o match point. Na situação atual, nem um empate seria mau negócio. O que não pode, e Zidane sabe, é perder. Se isso acontecer, a casa branca cai.