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José Trajano

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Ainda em homenagem ao Dia dos Pais: unidos pelo America, fomos campeões

America Football Club, campeão estadual em 1960 - Reprodução/Revista O Cruzeiro
America Football Club, campeão estadual em 1960 Imagem: Reprodução/Revista O Cruzeiro

Colunista do UOL

12/08/2022 04h00

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Ainda em homenagem ao Dia dos Pais, que agora está aí mesmo, reproduzo aqui um trecho, com algumas atualizações, do meu livro "Tijucamerica", de 2015, que fala da minha relação com ele e com o futebol — no caso, a paixão pelo mesmo clube.

Era 18 de dezembro de 1960!

Acabávamos de ser campeões. Ganhamos de virada por 2 a 1 do todo-poderoso Fluminense, que tentava o bicampeonato. Deus salve o America, o primeiro campeão do Estado da Guanabara, celebravam os torcedores mais emocionados!

Com a doideira na saída do Maracanã, me perdi do meu pai. Havia entrado junto com ele e um tio casado com a irmã de minha mãe. Saí pelas ruas em direção a Campos Sales, perto dali, atrás da bandinha que tocou sem parar durante toda a partida, mesmo quando estávamos perdendo de 1 a 0. Por onde passávamos éramos homenageados pelos tijucanos que foram às calçadas aplaudir e comemorar junto com a gente o título esperado fazia 25 anos.

Quando cheguei em casa, o pai já estava bebemorando a conquista com vários amigos, numa alegria que jamais havia visto em seu rosto, geralmente fechado. A noite toda foi um entra e sai de gente sem parar, e o apartamento da Afonso Pena, rua paralela à sede do America, ficou apertado para a animada festa do professor Trajano.

Pedi e ele me liberou, afinal já estava com 14 anos, e fui correndo festejar na sede com os torcedores, que estavam enlouquecidos. Alguns corriam pelo gramado, outros se atiravam na piscina. Eu me joguei nessa de roupa e tudo. Voltei horas depois para casa, sujo, molhado, suado, cansado, mas campeão!

No dia seguinte, a foto de um torcedor encontrado morto na piscina do clube estampava a primeira página do Jornal do Brasil com a legenda: pelo America também se morre.

Na interminável noite em que fomos campeões, tomei banho demorado e, antes de ir para a cama, passei pela sala para agradecer aos jogadores que estavam na foto colocada junto ao presépio. Mas não estava mais ali.

Em seu lugar, um enorme envelope com meu nome e uma dedicatória:

Para nosso querido filho, enfim, campeão carioca, dos pais que muito te amam".

Dentro do envelope, uma fotografia emoldurada do time posado já com a faixa de campeão no peito. E autografada por todos eles. Não perguntem como meu pai conseguiu, sei que dormi um sono profundo abraçado ao time do meu coração.

Não há elo mais forte na relação pai e filho do que a paixão pelo mesmo clube. Filho tem que torcer pelo mesmo clube do pai!

A torcida pelo America nos uniu por toda a vida, porque de resto discordamos muito. Na política, então...

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