Estrangeiros como técnicos: o que o basquete pode ensinar ao futebol
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O Brasil sempre foi um país de talentos naturais no esporte. Seja no futebol, com a ginga inconfundível dos craques de diferentes gerações, ou no basquete, onde jogadores e jogadoras brilharam mundo afora. Mas talento, sozinho, nem sempre basta. Às vezes, é preciso novos conceitos táticos e intercâmbio com diferentes escolas para organizar a casa, trazer uma nova mentalidade e transformar promessas em conquistas.
O argentino que valorizou a zaga
No basquete, isso já aconteceu. O argentino Rubén Magnano chegou ao Brasil com um currículo vitorioso e um conceito claro: defesa ganha jogo. Sofreu muita resistência da classe de treinadores e comentaristas brasileiros mas é inegável a sua contribuição para devolver à seleção masculina um padrão competitivo, resgatando a seriedade tática e levando o país a uma Olimpíada após anos de ausência.
O croata que deu moral para a molecada
O croata Aleksandar Petrović teve dois ciclos à frente da seleção. Um entre 2017 e 2021, alternando bons e maus resultados. Ele teve nova chance iniciando outro ciclo poucos meses antes do último pré olímpico após a demissão do brasileiro Gustavinho de Conti.
Com um olhar cirúrgico e ousadia para potencializar atletas e apostar em talentos, Petrović lançou Gui Santos, Yago Matheus, entre outros jovens que hoje brilham no melhor do basquete mundial. A seleção fez jogos históricos no pré olímpico de Riga, batendo a dona da casa Letônia e ficando com a vaga olímpica.
Nas Olimpíadas de Paris, novamente ótimos resultados garantiram o Brasil entre os oito melhores times do mundo.
Carlo Ancelotti ou Jorge de Jesus seriam uma boa no futebol?
Se no basquete a vinda de estrangeiros ajudou a recuperar a identidade e a competitividade do Brasil, por que o futebol não poderia seguir pelo mesmo caminho? Imagine Carlo Ancelotti no comando da seleção, trazendo disciplina tática, leitura de jogo e uma gestão de grupo impecável. Ou Jorge Jesus, que já mostrou no Flamengo que sabe extrair o melhor dos jogadores e dar protagonismo a quem realmente entrega dentro de campo.
Longe de mim crer que somente estrangeiros podem trazer organização tática, mas depois da era Tite e, agora com a demissão de Dorival, a seleção brasileira de futebol parte em busca de seu quarto treinador em pouco mais de dois anos. Talvez seja a hora de arriscar um "gringo"como fez o basquete.
Assim como no basquete, o futebol é cada vez mais coletivo. O receio da "importação" de técnicos muitas vezes esbarra no orgulho, na resistência a mudanças e no argumento de que "o Brasil tem os melhores jogadores do mundo".
Mas será que, em pleno 2025, ainda podemos confiar apenas no talento natural? O basquete já provou que metodologia e padronização fazem diferença e podem servir para arrancar o melhor potencial individual de cada jogador. O futebol, assim como sempre foi o basquete, é jogado cada vez mais coletivamente. Se a seleção canarinho seguir essa mentalidade, talvez volte a ser temida não só pelo brilho individual dos seus craques, mas também pela organização e competitividade que formam as recentes equipes campeãs mundiais.
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