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OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

LCK mostra ecossistema com "fortalecimento extra" aos games competitivos

Colunista do UOL

09/08/2022 04h00

No fim do mês passado, a LCK, principal competição sul-coreana de League of Legends e uma das referências do mundo no título da Riot Games, lançou três inovações no que diz respeito ao desenvolvimento de um ecossistema mais saudável para todos os envolvidos no cenário de esportes eletrônicos - medidas que atingem, direta ou indiretamente, todas as partes inseridas, dos atletas às organizações, passando por agentes e pela própria liga.

Em resumo, as ideias dizem respeito à certificação de agentes que atuem como representantes dos pro players, à elaboração de uma cláusula de desenvolvimento de talentos e a uma nova política de pré-contratos. De maneira geral, a busca é por uma liga competitiva, na qual as equipes encarem um contexto profissional e onde mais investimentos sejam encorajados das mais diversas formas.

Primeiramente, é natural que a LCK, enquanto liga franqueada busque uma maior equidade entre as organizações e estimule ao máximo que os "aventureiros" sejam afastados da liga. Obviamente, a Coreia do Sul já é vista como referência no League of Legends, o que aumenta ainda mais a responsabilidade de todos os envolvidos - especialmente com o crescimento da China no game, acirrando uma rivalidade já intensa.

A regulamentação dos agentes, por exemplo, passará pela Korea e-Sports Association (KeSPA), uma entidade governamental. Cadastrar esses empresários aumenta a segurança dos jogadores em traçar planos de carreira a longo prazo e a permanecer na liga e também dá ainda mais legitimidade à profissão, fazendo com que o ecossistema crie uma "casca" perante quem visa somente ao lucro ou aos holofotes.

O mesmo vale para as novas políticas de pré-contratos, utilizadas para que as organizações construam elencos competitivos e consigam desenhar ideias de carreira para seus jogadores, evitando uma grande bagunça na janela de transferências - e também fortalecendo o elo que há entre atleta e equipe. A chance de boas narrativas e grandes rivalidades, que fomentam a liga, aumenta consideravelmente, etapa após etapa.

Parece repetitivo dizer que, cada vez mais, o esporte eletrônico aperta o cerco àqueles que veem nos games apenas uma oportunidade de mercado que está em alta e pode render boas cifras. Para trabalhar no setor, é necessário uma capacitação cada vez maior - e essa é uma das vantagens que uma competição franqueada pode oferecer a seus participantes.

Quando falamos do Brasil, ainda enxergamos muito amadorismo. Não cabe aqui citar jogos específicos, ligas ou equipes, porque seria uma generalização, mas todos os envolvidos no dia a dia sabe que ainda temos muito a crescer em vários aspectos - mas, ao mesmo tempo, também, estamos à luz de um horizonte interessante, do business à multiplicação de profissões. A LCK está aí dando o recado: seguir bons exemplos do exterior é sempre um bom caminho.