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OPINIÃO

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Franquia x Fan Base: fidelização é dura missão para equipes

Tay, do Flamengo Los Grandes, tira foto com torcedor - Bruno Alvares/Riot Games
Tay, do Flamengo Los Grandes, tira foto com torcedor Imagem: Bruno Alvares/Riot Games

Colunista do UOL

14/07/2022 04h00

O sistema de parcerias a longo prazo desperta diferentes opiniões no cenário competitivo de esportes eletrônicos. Para um, é sinônimo de segurança e confiança para investimentos a longo prazo. Para outros, um portão fechado ao desenvolvimento de novas equipes e da revelação de talentos em múltiplas frentes. Olhando para as arquibancadas, o que se nota, com certeza, é: há uma grande dificuldade de fidelização de torcedores.

Tomemos por exemplo os 10 times que iniciaram a "era da franquia" do CBLOL, em 2021. O Cruzeiro passou para Netshoes Miners. A Vorax, união entre Prodigy e Falkol, virou Vorax Liberty - e, posteriormente, somente Liberty. O Flamengo passou a Flamengo Los Grandes - e, no ano que vem, será somente Los Grandes. Tudo indica que a RENSGA venderá sua vaga para o Fluxo. Mudanças numerosas, mas que são naturais neste contexto de mercado.

O primeiro ponto é esse: dentro de um sistema de franquia, como acontece nas principais ligas americanas (NBA, NFL, MLB e NHL), o surgimento de novos times e as movimentações entre identidades são constantes. Para nós, brasileiros, é inimaginável que o Corinthians se mude para o Rio de Janeiro ou o Flamengo parta para Belo Horizonte, obviamente. Mas estamos falando de outro modelo de negócio.

É injusto se apoiar no argumento de que as mudanças no grupo das organizações que compõem as franquias representam um erro da Riot Games Brasil no sistema de seleção. As vagas no campeonato valem, literalmente, dinheiro. Podem ser compradas. E isso coloca a competição como um mercado acirrado, e não somente como um torneio tal qual qualquer outro. Ao mesmo tempo, torna incerta a fidelização dos torcedores.

Nesse contexto, quem acaba ganhando são os jogadores, enquanto figuras individuais. Muitas vezes, acaba se tornando mais simples apoiar um player, especificamente, em vez da organização como um todo. Às equipes, cabe a missão de desenvolver um detalhado projeto de marketing que responda a uma complexa questão: "Por que eu devo vestir essa camisa e me apegar a essa marca?"

É evidente que a forma de torcer nos esportes eletrônicos têm diversas diferenças e nuances em relação ao esporte tradicional. É preciso também entender que criar uma fan base e mantê-la firme e forte depende de diversos fatores, que vão da proximidade com os torcedores até conquistas de títulos, diferenciais perante os concorrentes... É difícil. E completamente compreensível se esse não for o foco de uma organização.

Afinal, se você fosse dirigente de uma equipe, e ela fosse vitoriosa, gerasse números consideráveis e captasse patrocínios de uma forma sustentável, contar com uma massa gigantesca de torcedores seria, realmente, sua prioridade? Não se trata de desprezar o papel do torcedor, mas as nuances de quando a modalidade abordada é um game precisam ser compreendidas. E não há resposta certa para essa pergunta.