Shai MVP e a importância da família
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Shai Gilgeous-Alexander recebeu o prêmio de MVP da temporada regular, um dos troféus mais disputados da NBA. Quem me acompanha sabe da minha preferência por Nikola Jokic e a temporada absurda que fez, mas ao mesmo tempo não posso dizer que Shai não mereceu. Um jogador com média de 33 pontos não pode não estar na discussão de melhor do campeonato.
O fato é que 71 dos 100 votantes escolheram mais um estrangeiro como o melhor da NBA e eu poderia escrever vários parágrafos sobre como a cara da NBA mudou e como ela agora é internacional, as pessoas querendo ou não.
Poderia falar de como os Estados Unidos estão perdendo força na criação de novos talentos e que o fato das universidades agora poderem pagar os atletas está atrasando ainda mais esse crescimento dos jogadores da base.
Mas não, hoje eu quero falar de algo que eu entendo muito bem e que foi colocado em primeiro plano pelo atual MVP: a família dos jogadores, mais especificamente, as mulheres dos atletas.
Uma vez me pediram para falar um pouco com os meninos da categoria de base do Pinheiros. Meu marido estava lá, ele jogou basquete por mais de 20 anos, muitos deles na seleção brasileira, incluindo duas Olimpíadas, e a Thelma me chamou para falar com eles. Para quem não sabe, a Thelma é a referência no Brasil na categoria de base masculina. Se você jogou basquete aqui já deve ter ouvido falar dela.
Pois muito bem, ela me chamou, eu em choque olhando para ela como que dizendo: "O que que eu vou falar para esses meninos?" e ela me fala: "Você mais do que ninguém sabe o que é a vida de um atleta de alto nível". E não é que ela tinha razão?.
A minha primeira frase olhando para os adolescentes sentados na quadra foi: "Vocês escolham bem a pessoa com quem vocês querem casar e ter filhos porque vai ser ela o diferencial entre vocês serem excepcionais ou medianos".
Hoje eu acrescentaria na fala que até o Shai concorda comigo, mas na hora todos me olharam em choque (menos a Thelma e o meu marido), um pouco confusos, sem entender nada, mas em breve eles vão saber que o que eu falei faz sentido.
A tranquilidade de sair de casa e saber que vai ter alguém resolvendo tudo para você e que a sua única responsabilidade é treinar bem, descansar e viajar não tem preço. Claro que a nossa realidade é muito diferente da dos astros da NBA, que tem mais recursos financeiros para delegar funções.
Aqui no nosso mundo a roupa de treino, as compras no supermercado, as contas para pagar, a organização da casa e das crianças é toda da pessoa que não é a atleta profissional. Quantas vezes eu fiquei dois meses sem ver o Guilherme porque ele estava treinando para um Mundial e nem filho eu tinha.
Quando eu vejo um atleta do calibre do Shai Gilgeous enaltecendo o sacrifício da esposa e todo o amor que ela coloca na família, eu me emociono. Muitos ficam em choque, debocham do papel da esposa, tiram sarro insinuando o ganho financeiro e o fato delas serem encostadas, mas quem joga sabe. O sacrifício físico e mental que os dois têm que fazer é o maior comprometimento da carreira de um atleta profissional.
Claro que não devemos excluir o compromisso da quadra e do treinar todo dia, esse ainda é o fator principal, mas ter alguém que segura na sua mão e acredita no seu sonho também é fundamental.
Shai Gilgeous-Alexander é um exemplo dentro e fora de quadra também, um jogador jovem e que com uma maturidade emocional absurda. Que bom saber que as próximas gerações terão ele de exemplo.
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