O maior nome do basquete mundial é Bill Russell, não necessariamente Jordan
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Nós, que trabalhamos com esporte e o vivemos de uma forma quase doentia, sabemos da sua real importância na construção do ser humano e no tanto que ele influencia no crescimento social e emocional. Não é à toa que repetimos à exaustão que o esporte muda vidas e muda o mundo. Uma criança que cresce nesse ambiente é um futuro adulto funcional, ele compreende valores como responsabilidade, resiliência, respeito ao próximo. Entende que o trabalho é feito diariamente e que perder faz parte da vida, assim como vencer é consequência de um todo. Além de entender que você não faz nada sozinho.
Nada vem sem um preço, seja ele físico ou emocional. Se dedicar quase que exclusivamente ao esporte tem as suas consequências. Você abdica de tempo em família, se coloca quase sempre em uma posição vulnerável a críticas e, às vezes, pode sair machucado fisicamente de forma irreparável.
Quem é do esporte, seja dentro ou fora, já ouviu inúmeras histórias de superação e renúncias, mas nenhuma supera a de Bill Russell. Se você nunca ouviu falar dele, eu me sinto até um pouco privilegiada em ser a pessoa que vai te apresentar o homem mais importante do basquete (eu sei que tem o Michael Jordan, mas hoje vamos deixá-lo no banco um pouco).
Bill Russell jogou pelo Boston Celtics por 13 anos e venceu 11 títulos. Desde então nunca houve outro jogador tão dominante. Vencer era para Bill uma forma de sobreviver em um país assolado pelo racismo. Ele é celebrado ainda hoje como o melhor jogador que já existiu. Se a gente hoje fala em dinastia, muito se deve ao Celtics e ao Russell. Nada e nem ninguém foi tão dominante como esse time no esporte.
Bill Russell foi porta-voz de uma minoria e fez isso com coragem e maestria. Enquanto dominava os adversários na quadra, Bill participava de marchas com Martin Luther King e Muhammad Ali. Enquanto vencia títulos, Russell era proibido de jantar em restaurantes por causa da sua cor. Enquanto carregava um time nas costas, Bill Russell sofria ameaças de morte.
Ninguém soube usar o seu papel dentro da quadra com tanta eficiência quanto ele. Um homem de sorriso contagiante, um gigante que revolucionou a forma de se jogar basquete teve tempo de mudar o país e o mundo. Se uma criança hoje joga basquete, muito tem a ver com o que ele fez no Boston Celtics.
Uma vez perguntado como ele aturava toda essa pressão, Bill disse que jogava pelo Celtics e não pela cidade. Ele lutava pelos seus companheiros de quadra, seu foco era ser o melhor jogador para eles e, consequentemente, torná-los melhor também. Bill confiava no Celtics e isso muito se deve a sua relação de trabalho e amizade que teve com Red Auerbach, seu técnico.
Como disse no início do texto, você não vence sozinho. Bill teve um exército de jogadores atrás dele, mas também em casa. Alguém que abraçou suas causas e entendeu que o propósito era ainda maior.
Vencer 11 vezes foi a forma que Bill Russell encontrou para que todos escutassem o que ele tinha a dizer. O esporte mudou a vida de Bill e a de todos que foram impactados pela sua forma incisiva de expor as atrocidades que estavam acontecendo fora das quadras.
O esporte muda o mundo, ele é a ferramenta mais valiosa para uma sociedade e Bill entendeu e ensinou a todos como ela deve ser utilizada: em prol de todos, independente de qualquer coisa, cor ou credo.
Bill Russell foi revolucionário.
O esporte e o mundo agradecem.
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