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Flavio Gomes

OPINIÃO

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Verstappen, que quando termina, ganha, vira o pesadelo da Ferrari

Verstappen com capacete de futebol americano no pódio de Miami - Divulgação Red Bull
Verstappen com capacete de futebol americano no pódio de Miami Imagem: Divulgação Red Bull

Colunista do UOL

09/05/2022 04h00

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Max Verstappen terminou três corridas e meia este ano. Ganhou três e meia. Por "meia" entenda-se a míni corrida de sábado antes do GP da Emilia-Romagna, em Ímola. Em outras palavras: quando viu a bandeira quadriculada em 2022, o holandês da Red Bull venceu. Nas outras duas, quebrou.

É o maior pesadelo para a Ferrari neste momento. A equipe italiana tem bons pilotos, regulares e esforçados, carros bons, rápidos e equilibrados, que provavelmente vão andar bem o ano todo. Mas é suficiente para ganhar um título?

Leclerc ainda é o líder do Mundial. Terminou o GP de Miami, neste domingo, em segundo. Max venceu pela 23ª vez na carreira, empatando nas estatísticas com o sogro Nelson Piquet e com o precocemente aposentado Nico Rosberg. Sainz fechou o pódio e levou a outra Ferrari ao terceiro lugar. Tudo muito bem, tudo muito bom. Charles tem 104 pontos na tabela contra 85 de Verstappen. É uma vantagem interessante, como não? São 19 pontos, ninguém arranca 19 pontos assim, sem mais nem menos! Não é mesmo?

Mais ou menos... Eram 46 pró-Leclerc depois da terceira etapa do campeonato. Verstappen descontou 27 pontos nas duas últimas corridas. Nesse ritmo, passa o monegasco daqui a duas provas, em Mônaco. O que ele fez na Flórida assustou a concorrência. Em terceiro no grid, passou Sainz na largada e Leclerc na nona volta. Depois, sumiu. Só foi ver o rival de novo no espelhinho nas voltas finais por causa de um safety-car.

Não há propriamente uma crise na Ferrari, longe disso. O time está na ponta nos dois campeonatos, o de pilotos e o de construtores. Como falar em crise numa situação dessas? Mas em Maranello a sensação de todos é de que a ultrapassagem é inevitável. Questão de tempo. E é preciso fazer algo para deter Verstappen. Como sequestrar o menino ou torcer para que seja abduzido são hipóteses fora de questão, o jeito é melhorar seu próprio carro. De que forma? Trabalhando. Muito. Arriscando, se for preciso. Sendo criativo em estratégias. Sei lá. Se eu soubesse o que fazer estaria trabalhando na Ferrari, e não escrevendo colunas.

Buscar velocidade em reta foi o grande pulo do gato da Red Bull em Miami. Asas ligeiramente menores, na frente e atrás, um acerto com menos arrasto aerodinâmico e... batata! Nem com asa móvel Leclerc conseguiu atacar Max no final da corrida, quando a diferença de mais de 7s que ele tinha aberto sobre o #16 vermelho foi pulverizada com a entrada do safety-car — o motivo, uma batida besta de Norris com Gasly.

A Ferrari vai andar melhor que a Red Bull em algumas pistas, ainda. É visível como os carros de Leclerc e Sainz são eficientes nas saídas de curvas lentas. Tracionam como ninguém. Em alguns traçados, tal característica cai como uma luva. Mas nem todos os circuitos são assim. Nas próximas três corridas, por exemplo, só Mônaco. Barcelona e Azerbaijão têm mais a cara da Red Bull, assim como Montreal — que depois dessas três provas europeias obriga a F-1 a mais uma excursão pela América do Norte.

Neste momento, a pergunta é: onde Max vai assumir a liderança do Mundial? E a segunda: quando isso acontecer, a Ferrari consegue virar o jogo?

No começo da temporada, depois de uma dobradinha com autoridade no Bahrein, Mattia Binotto, o chefe da equipe italiana, pediu algum comedimento à imprensa e aos torcedores ferraristas, que já estavam colocando a champanhe no gelo. "Calma, a gente foi muito bem, foi lindo, ótimo, maravilhoso. Mas eles vão melhorar", afirmou, com ares proféticos. "Eles" eram Red Bull e Mercedes.

Metade da profecia de Binotto já se cumpriu.

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