Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Ricciardo e o montinho que o aguarda em Spa
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Onde está a notícia na F1? Para quem está no paddock, é fácil dizer.
É só buscar, numa rápida passada de olhos, o montinho de repórteres, cinegrafistas e fotógrafos. É uma cena clássica. O motorhome (ou escritório) mais agitado é o local da notícia.
Jamais vou esquecer do fim de campeonato em 1999. Irvine venceu na Malásia, mas foi desclassificado por uma irregularidade nos defletores. Isso daria o título antecipado a Hakkinen. A Ferrari recorreu, e passamos horas circulando pelo paddock de Sepang tentando entender o imbróglio. Até que a escuderia italiana chamou uma entrevista coletiva.
O problema: a sala da equipe, montada com estruturas provisórias e modulares, não devia ter mais do que 20 m². Era decisão de título mundial. Todos os repórteres precisavam ouvir o que Todt e Brawn tinham a dizer. Acho que dá para imaginar a confusão, não?
(No fim a FIA absolveu a Ferrari, a decisão foi para o Japão e Hakkinen conquistou o bi.)
Outro momento que não esqueço aconteceu meses seguintes, no primeiro GP Brasil de Barrichello pela Ferrari. Interlagos estava em êxtase, com as arquibancadas tremulando bandeiras vermelhas, vibrando com a esperança de um novo herói brasileiro na F1.
Barrichello largou em quarto e fez um início de corrida incrível. Venceu um duelo com Coulthard na segunda volta, passou Hakkinen no S do Senna na 15ª e assumiu a liderança quando Schumacher entrou para seu primeiro pit. Interlagos explodiu em comemoração.
Na 22ª volta, Barrichello fez seu primeiro pit. Cinco voltas depois, retornou aos boxes, arrastando a Ferrari número 4, vítima de um problema hidráulico. Abandonou o GP.
O fundo dos boxes da Ferrari virou uma cena de guerra, misturando repórteres estrangeiros de egos transcontinentais à toda imprensa brasileira que queria ouvir o piloto ao vivo, em primeira mão. Em meio àquela balbúrdia estava o Salvatore, o simpático e gigantesco segurança ferrarista, um armário, que também não deve esquecer daquele domingo.
Quando a estrela do dia enfim apareceu, o empurra-empurra foi tanto que as paredes (também provisórias, também modulares) dos boxes da Ferrari caíram. E aí brilhou um veterano: Wanderley Nogueira, da rádio Jovem Pan, sacou seu microfone e fez as perguntas para Barrichello com toda a calma do mundo, como se não houvesse ninguém ali ao lado. Instalou-se o silêncio e todos o ouviram. Foi uma aula para este então jovem repórter.
Presenciei também bolinhos de repórteres em datas comemorativas e episódios mais alegres: aniversários de pilotos, contratações, recordes quebrados, capacetes revelados...
Paddocks normalmente são grandes corredores, a bagunça é facilmente localizável.
Por que todas essas digressões?
Porque não é difícil imaginar onde estará o amontoado de repórteres quando os pilotos começarem a chegar a Spa-Francorchamps, na quinta-feira.
Ricciardo, agora à procura de emprego, que se prepare.
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