Topo

Fábio Seixas

REPORTAGEM

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Aos 24 anos, Verstappen diz que já pensa em deixar F1

Max Verstappen antes da classificação para o GP da Inglaterra, no último fim de semana - Mark Thompson/Getty Images/Red Bull
Max Verstappen antes da classificação para o GP da Inglaterra, no último fim de semana Imagem: Mark Thompson/Getty Images/Red Bull

Colunista do UOL

06/07/2022 08h56

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Verstappen disse ao "De Telegraaf", da Holanda, que pensa em deixar a F1 ao fim do seu atual contrato com a Red Bull, em 2028.

"Talvez eu pare. À essa altura, já estarei pilotando na F1 por um bom tempo", afirmou o campeão. "Vai depender muito do carro que terei, se ainda estarei lutando por vitórias... Eu não suportaria ficar pra trás, preferiria correr em outra categoria. E sei que não quero correr por outra equipe. Se você se sente bem com algo e tudo funciona, por que mudar?"

Falar em parar quando está no auge não é inédito, mas curioso. A F1 tem alguns exemplos de pilotos que resolveram deixar o Mundial imediatamente ou pouco depois de conquistar um título: Fangio, Stewart, Scheckter, Lauda, Mansell, Prost... O último foi Rosberg, em 2016.

É curioso porque vem a reboque da sensação de dever cumprido. No caso de Verstappen, tem algo a mais: revela que, diferentemente de Schumacher e Hamilton, ele não é um obcecado por números e recordes, não tem aquele objetivo fixo ser o maior de todos os tempos.

Ao cogitar parar em 2028, o holandês sugere que pode estar saciado até lá. Direito dele, cada um tem sua própria régua, a pressão de competir por anos e anos no topo não é moleza.

A entrevista provoca ainda uma reflexão sobre um tema que sempre o acompanhou: precocidade. O piloto que está falando em parar tem apenas 24 anos! Ao fim de 2028, terá 31.

Não seria muito cedo pra parar? De novo: cada um tem sua régua. E, no caso dos pilotos atuais, vale mais verificar a quilometragem acumulada do que a certidão de nascimento.

kaxaa - Peter Fox/Getty Images/Red Bull - Peter Fox/Getty Images/Red Bull
Max Verstappen, aos 17 anos, no GP da Austrália de 2015, sua corrida de estreia na Fórmula 1
Imagem: Peter Fox/Getty Images/Red Bull

Quando alinhou seu Toro Rosso no grid do GP da Austrália de 2015, Verstappen tinha apenas 17 anos, recorde que talvez nunca seja batido. Aos 24, já soma 7.898 voltas completadas e 39.730 quilômetros rodados em 151 GPs. Isso sem contar treinos e testes.

É mais rodagem do que pilotos como Lauda, Emerson, Hakkinen, Hill, Irvine, Frentzen, Boutsen, Panis, Reutemann...

Senna tinha 24 anos quando estreou na F1. Morreu aos 34. Daqui a 11 GPs, justamente em Interlagos, Verstappen superará o número total de corridas do tricampeão. Terá 25 anos.

O holandês não é exceção, apenas o exemplo mais gritante de um movimento que se vê em qualquer categoria: a garotada hoje começa muito cedo. E, muito cedo, os melhores já passam a integrar programas de desenvolvimento de equipes e a serem cobrados por resultados.

Não por acaso, na tal entrevista Verstappen fala em querer se divertir em outros lugares. Como nas corridas de endurance. "Há menos pressão, mais diversão. Talvez eu até tente algo assim enquanto estou na F1. Não neste ano ou no próximo, talvez depois. As corridas de 24 horas me atraem: Le Mans, Spa-Francorchamps, Daytona... Tem as 12 Horas de Sebring... Ou Bathurst, na Austrália. Bem, já ganhei essa corrida duas vezes no simulador."

Há muitos GPs pela frente, ainda são seis anos até o fim do contrato mais duradouro da história da F1. Mas dá para entender Verstappen.