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Fábio Seixas

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Frieza e maturidade dão pole de Barcelona para Leclerc

Charles Leclerc, da Ferrari, durante a sessão classificatória para o GP da Espanha, em Barcelona  - Ferrari
Charles Leclerc, da Ferrari, durante a sessão classificatória para o GP da Espanha, em Barcelona Imagem: Ferrari

Colunista do UOL

21/05/2022 12h07

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Em velocidade pura, Leclerc está no controle. E mostrou isso em Barcelona, neste sábado.

Frio, impassível, não se abalou com um erro no Q3, num momento decisivo da classificação. Dirigiu-se para os boxes, respirou fundo e retornou para a pista. Esbanjou qualidade, tirou tudo de sua Ferrari e, na sua única volta lançada, cravou a pole position para o GP da Espanha.

É a 13ª pole de sua carreira, a quarta na temporada, a primeira na Espanha. O resultado encerra uma série impressionante: desde 2013, apenas a Mercedes largava na ponta por lá.

Verstappen sai em segundo. Sainz e Russell formam a segunda fila do grid. Pérez, Hamilton, Bottas, Magnussen, Ricciardo e Schumacher completam o top 10.

ferra1 - Fórmula 1 - Fórmula 1
Charles Leclerc concede entrevista na pista de Barcelona após cravar a pole do GP da Espanha
Imagem: Fórmula 1

Foi um sábado de calor em Barcelona. A sessão classificatória aconteceu com 35°C no ar, 47° no asfalto, um castigo para os pilotos, um terror para os pneus.

No último treino livre, a Ferrari já havia demonstrado mais uma vez sua força. Leclerc foi o mais veloz, mantendo o domínio do fim de semana, com 1min19s772, vantagem de 0s072 para Verstappen. Russell e Hamilton vieram na sequência.

A classificação começou da mesma forma. Leclerc liderou o Q1, com 1min19s861, apenas 0s031 à frente de Sainz. Verstappen foi o terceiro, seguido por Russell, Magnussen e Hamilton.

Os cortados foram Vettel, Alonso, Stroll, Albon e Latifi. Foi uma pancada para o espanhol: justamente em casa, diante do seu público, a pior classificação da temporada.

O Q2 foi mais agitado. Pela primeira vez no ano, houve uma disputa entre três forças. A Mercedes ainda está um degrau abaixo de Ferrari e Red Bull, é fato, mas já começou a incomodar.

Russell foi o primeiro a se destacar, liderando a folha de tempos. Veio então Sainz. E, nos últimos instantes, Verstappen deu show e cravou todo mundo. Fez 1min19s219, 0s234 pra cima do espanhol. Hamilton veio em quarto. Completando o top 10, Magnussen, Pérez, Leclerc, Bottas, Ricciardo e Schumacher.

Sim, Schumacher.

Depois de Leclerc, o alemão foi o grande nome da classificação. Teve problemas nos freios e praticamente não participou do terceiro treino _completou apenas quatro voltas. Mesmo assim foi pra pista e avançou para o Q3 pela primeira vez no ano.

Veio então a hora da decisão.

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Max Verstappen se prepara para entrar no carro da Red Bull antes da classificação em Barcelona
Imagem: Mark Thompson/Getty Images/Red Bull

Na primeira saída do Q3, Leclerc errou. Quase rodou na pista, comprometeu sua volta, retornou aos boxes. Verstappen não perdoou: fez 1min19s073, melhor tempo do fim de semana, mostrando que a Red Bull tinha potencial para a pole.

Todos então foram para os boxes, trocaram pneus, ajustaram uma coisinha aqui, outra ali, e retornaram para a pista. Toda a pressão estava nos ombros do monegasco: ele era apenas o 10º colocado, sem tempo, uma tragédia.

Aos 24 anos, lutando pela primeira vez pelo título mundial, Leclerc mostrou então toda a sua maturidade. Tornou-se o único piloto a entrar na casa de 1mi18s no fim de semana. Verstappen sofreu uma perda de potência, é verdade, mas nada indica que ele conseguiria superar o monegasco.

Em ritmo de classificação, Leclerc segue quase imbatível nesta temporada. O desafio dele e da Ferrari, agora, é conseguir melhor ritmo de corrida. O monegasco fez questão de lembrar disso na entrevista pós-classificação.

"Cometi um erro na primeira saída dos pneus. Eu só tinha uma volta, foi difícil, mas o carro estava incrível e estou muito feliz," disse, ainda na pista. "Estou numa posição forte para largar, mas temos sofrido mais com os pneus do que a Red Bull. Max está logo atrás. Se não administramos bem os pneus, podemos perder essa vitória".

Questionado se os problemas no RB18 no Q3 foram cruciais para o resultado, Verstappen não quis cravar. "É difícil dizer. Infelizmente não consegui fazer a última volta. Meu DRS não abriu e também perdi potência. Amanhã vai estar muito quente de novo, espero que nosso carro seja gentil com os pneus de novo".

Os líderes do Mundial deram a dica, vale a pena ficar de olho na corrida: os pneus podem decidir o GP da Espanha.