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Fábio Seixas

REPORTAGEM

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Hamilton vai esperar FIA para decidir se corre Mundial

Hamilton e Verstappen no pódio do GP de Abu Dhabi, que deu o título da F1 ao holandês - HAMAD I MOHAMMED/REUTERS
Hamilton e Verstappen no pódio do GP de Abu Dhabi, que deu o título da F1 ao holandês Imagem: HAMAD I MOHAMMED/REUTERS

Colunista do UOL

11/01/2022 16h45

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Hamilton resolveu medir forças com a FIA e só vai decidir se correrá o próximo Mundial depois que sair o resultado da sindicância sobre as decisões da direção de prova no GP de Abu Dhabi.

A corrida que decidiu o último Mundial, com vitória e título para Verstappen, completa um mês nesta quarta-feira. O heptacampeão está sumido desde então, sem conceder entrevistas e sem postar absolutamente nada nas redes sociais. E só agora começam a surgir evidências mais sérias na imprensa inglesa sobre o tamanho da sua bronca com a entidade.

Na segunda-feira, Craig Slater, repórter de F1 da Sky, emissora britânica que transmite o Mundial, disse que a situação do piloto é nebulosa. "Ouvi de altas fontes da equipe que ainda não está certo se ele estará no grid na primeira corrida do ano", afirmou. "Quanto mais tempo essa investigação levar, menores são as chances de ele retornar", completou.

Nesta terça, a história ganhou corpo. Andrew Benson, editor chefe de F1 da BBC e um dos caras que mais respeito na cobertura do esporte a motor, escreveu que Hamilton perdeu a confiança na FIA e que só vai resolver sua vida quando a entidade tomar uma atitude em relação a Abu Dhabi.

Hamilton chegou a ter o oitavo título nas mãos até a última volta da última etapa do ano, mas foi ultrapassado por Verstappen. Ele e a Mercedes alegam inconsistência nas decisões de Michael Masi, diretor de provas da FIA, sobre a entrada do safety car.

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Verstappen recebe bandeirada em Abu Dhabi após superar Hamilton na última volta do GP
Imagem: KAMRAN JEBREILI/Pool via REUTERS

No Azerbaijão, em junho, em cenário muito parecido _acidente nas últimas voltas_, Masi determinou bandeira vermelha e largada com grid estático. Em Abu Dhabi, a decisão foi por bandeira amarela e relargada após a saída do safety car. Mais: ordenou que cinco retardatários saíssem do meio da disputa entre os dois rivais. Outros três retardatários, porém, foram mantidos nas posições originais, interferindo em disputas no meio do pelotão.

A Mercedes entrou com um recurso contra as decisões do diretor de prova ainda em Abu Dhabi, foi derrotada, e ameaçou apelar. Dias depois, voltou atrás, alegando acreditar nos esforços da FIA para tornar as regras mais claras e o esporte, mais robusto.

Segundo a reportagem da BBC, a decisão da Mercedes foi resultado de um acordo de bastidores: em troca, a FIA demitiria Masi e o diretor técnico para campeonatos de monopostos, Nikolas Tombazis, engenheiro com passagem marcante pela Ferrari.

Mas isso, ao que tudo indica, não foi o suficiente para Hamilton. Ele continua recluso, aguardando a conclusão das investigações. Não respondeu nem mesmo a mensagens enviadas pelo novo presidente da FIA, o emirático Mohammed Ben Sulayem.

Quando do anúncio da sindicância, no dia 15, a FIA informou que os trabalhos seriam feitos em tempo para que "quaisquer respostas e conclusões" fossem divulgadas antes do início da temporada de 2022. O campeonato começa no dia 20 de março, no Bahrein, enquanto a primeira das duas baterias de testes pré-temporada acontece a partir de 23 de fevereiro.

A indefinição sobre a participação de Hamilton no Mundial lembra a queda de braço de Senna com a FIA no início de 1990. O brasileiro perdeu o título de 1989 para Prost no polêmico GP do Japão, disparou uma série de acusações contra a FIA e, em represália, teve a superlicença cassada por Jean-Marie Balestre, então presidente da entidade.

O imbróglio só foi resolvido com um pedido público de desculpas de Senna no prazo-limite exigido pela FIA, 17 de fevereiro, apenas 22 dias antes da primeira etapa do campeonato, em Phoenix.

Espero que a atual novela seja resolvida muito antes disso. E que tenha um final feliz, para o bem dos que amam o esporte.