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Fábio Seixas

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

FIA pensou no esporte, por isso protesto da Mercedes naufragou

Lewis Hamilton e Max Verstappen se cumprimentam após o GP de Abu Dhabi, neste domingo - Fórmula 1
Lewis Hamilton e Max Verstappen se cumprimentam após o GP de Abu Dhabi, neste domingo Imagem: Fórmula 1

Colunista do UOL

12/12/2021 16h05

Adoramos criticar FIA, a demora da entidade em tomar decisões ao longo desta temporada foi irritante, mas Michael Masi e seus colegas não tiveram culpa na conclusão do GP de Abu Dhabi.

Nenhuma categoria do automobilismo gosta de ver uma corrida encerrada com bandeira amarela, atrás do safety car. É um anticlímax tremendo, o pesadelo do esporte a motor.

Um Mundial tão disputado terminar assim, então, nem se fala...

Por isso a direção de prova fez de tudo para que houvesse ao menos uma volta limpa, com bandeira verde, antes da quadriculada. A velocidade com que a pista foi limpa após o acidente de Latifi surpreendeu não só a Mercedes.

Aí que está ponto central da polêmica.

masi - Beto Issa/GP de São Paulo - Beto Issa/GP de São Paulo
Michael Masi (de azul), diretor da FIA, durante inspeção antes do GP de São Paulo
Imagem: Beto Issa/GP de São Paulo

O australiano Masi, diretor de F-1 da FIA desta 2019, tomou a liberdade de ordenar que apenas cinco carros, aqueles que estavam entre Hamilton e Verstappen, ultrapassassem o safety car. A ordem foi dada só para Norris, Alonso, Ocon, Leclerc e Vettel.

Outros três, Ricciardo, Stroll e Schumacher, ficaram onde estavam, no meio do bolo. Não haveria tempo para que eles também completassem a volta e se juntassem ao pelotão.

Essa seletividade não está prevista na letra fria do Regulamento Esportivo. A regra estipula apenas que, quando o diretor de prova julgar seguro, será dada a ordem de "retardatários agora podem ultrapassar o safety car".

Este foi o principal ponto contestado pela Mercedes: nem todos os retardatários passaram o safety car, portanto aquela volta teria sido irregular. Argumento difícil, uma vez que todos seguiram rigorosamente a decisão da direção de prova.

E aí vamos para a origem da decisão, o tal "espírito da lei": Masi fez o que fez para que o GP e o Mundial tivessem uma última volta "pra valer", preservando o mais puro espírito do esporte, a competição. Por isso que o protesto fracassou.

"Toto, isso é o esporte a motor", resumiu o australiano para Wolff, pelo rádio, na primeira insinuação de chiadeira por parte da Mercedes.

No comunicado oficial que rejeitou o protesto, emitido às 23h03 locais, 16h03 de Brasília, a FIA destacou justamente isso: "Há um acordo antigo entre todas as equipes que estipula ser muito desejável que as corridas terminem sob bandeira verde".

O outro ponto foi mais para perturbar mesmo: a equipe alemã alega que o holandês colocou o carro à frente de Hamilton na curva 12, na preparação para a relargada final.

O que vai acontecer agora?

A Mercedes já protocolou "intenção de recorrer". Provavelmente acabará recuando "em nome dos melhores interesses do esporte".

A F-1 enfim curtirá férias. E daqui a pouco tudo vai começar de novo, com os mesmos personagens, mas com elementos ainda mais fascinantes.