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Fábio Seixas

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Impressões sobre Norris e Russell e o futuro da F-1

O inglês Lando Norris, da McLaren, durante o fim de semana do GP de São Paulo, em Interlagos   - Duda Bairros/GP de São Paulo
O inglês Lando Norris, da McLaren, durante o fim de semana do GP de São Paulo, em Interlagos Imagem: Duda Bairros/GP de São Paulo

Colunista do UOL

25/11/2021 10h51

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É o Mundial de Hamilton x Verstappen, é o campeonato mais disputado dos últimos tempos, é um ano que ficará marcado pela chegada em massa de novos fãs. Mas ainda tenho em mente outro recorte importante desta F-1 e que vi em Interlagos: a maturidade de dois jovens pilotos que certamente vão escrever histórias bonitas na categoria.

(A semana passada foi cheia com Mercedes pedindo revisão do resultado do Brasil, FIA avaliando o recurso, times viajando para o Qatar. Não houve brecha para outros assuntos. Agora a coisa sossegou um pouco. Ufa, vamos lá...)

Começo com Russell. O cara tem 23 anos, faz uma temporada boa na limitada Williams, vai correr no ano que vem pela Mercedes, a equipe mais vencedora da história. Se nada der errado, é um futuro campeão mundial, e ele sabe disso. Taxa de deslumbramento: zero.

Acompanhei algumas entrevistas dele no paddock de Interlagos. Fiquei impressionado com os pés no chão, com a clareza para explicar detalhes, com a calma para falar mesmo sobre assuntos mais espinhentos _e não faltaram perguntas do gênero.

Russell é de um didatismo admirável para alguém de sua idade. Deve ter aprendido alguma coisa nos anos na Wisbech Grammar School, uma das escolas mais tradicionais do Reino Unido, baseada na cidade em que cresceu.

russellgp - Alex Farias/GP de São Paulo - Alex Farias/GP de São Paulo
George Russell, da WIlliams, concede entrevista no paddock de Interlagos antes do GP de São Paulo
Imagem: Alex Farias/GP de São Paulo

Não se abalou nem pelo fato de ter ficado atrás de seu companheiro de Williams no grid pela primeira vez desde que chegou à F-1. Parabenizou Latifi, sacou estatísticas do bolso para explicar que a fase da equipe é ruim, lembrou que na primeira experiência da F-1 com corrida de classificação, em Silverstone, obteve seu melhor grid do ano. Deu um jeito de sair por cima.

O outro é seu compatriota, rival nos tempos do kart, uma figuraça: Norris, que completou 22 anos exatamente no dia do GP de São Paulo.

Na véspera, sábado à tarde, encontrei Gil de Ferran pelo paddock. O brasileiro, dirigente da McLaren entre 2018 e o início deste ano, já frequentava a equipe quando o jovem inglês testou pela primeira um F-1, em agosto de 2017. O garoto tinha 17 anos.

Foi na Hungria. E o Gil, que testemunhou tudo do pit wall de Budapeste, explica melhor do que eu.

"O carro era muito nervoso, superdifícil de dirigir, e aquela é uma pista que desgasta muito. Soltamos o moleque, ele deu algumas voltas e a gente esperou que ele voltasse para os boxes com os olhos arregalados, ofegante. Nada. Voltou feliz da vida, muito concentrado e logo de cara já deu um feedback muito bom. Ele é assim. Impressionou toda a equipe logo na primeira saída. Ele sem dúvida nenhuma é especial", contou.

A McLaren ficou tão impressionada que o promoveu a titular logo em 2019, após uma temporada na F-2. O inglês conquistou um pódio em 2020, quatro neste ano e só não venceu na Rússia porque se desentendeu com a equipe na estratégia daquele fim de prova maluco.

Como se não bastasse, Norris é divertido, faz lives na Twitch, é o personagem carismático que tanto fez falta à F-1 no início do século.

E a F-1 ainda tem Leclerc e Gasly. E tem Schumacher, que não sabemos o que vai virar. E tem Stroll, que está melhorando com Vettel ao seu lado. E tem Verstappen, com apenas 24 anos, encarando uma temporada contra um dos maiores pilotos da história.

O futuro está garantido. E entusiasma.