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Fábio Seixas

REPORTAGEM

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FIA nega recurso da Mercedes e mantém resultado de Interlagos

Hamilton e Verstappen saem da pista após tentativa de ultrapassagem do britânico em Interlagos - Reprodução/Twitter
Hamilton e Verstappen saem da pista após tentativa de ultrapassagem do britânico em Interlagos Imagem: Reprodução/Twitter

Colunista do UOL

19/11/2021 09h43

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A FIA negou o pedido da Mercedes e não vai reabrir as investigações sobre o duelo entre Verstappen e Hamilton em Interlagos. Assim, o resultado do GP de São Paulo não será alterado.

Em um comunicado de quatro páginas assinado pelos comissários que atuaram no Brasil, entre eles Roberto Pupo Moreno, a entidade máxima do automobilismo concluiu que a nova evidência apresentada pela equipe é "relevante, mas não significativa".

Trata-se do vídeo da câmera on-board do cockpit de Verstappen na 48ª das 71 voltas da corrida do último domingo.

As imagens mostram Verstappen pressionando Hamilton para fora da pista na Curva do Sol, na primeira tentativa do inglês de ultrapassá-lo. Ambos foram parar na área de escape. Onze voltas depois, Hamilton tentou de novo e concluiu a manobra, consagrando sua sexta vitória na temporada.

No momento do incidente os comissários observaram a dinâmica dos carros, mas absolveram Verstappen. Usaram, na análise, as imagens disponibilizadas pela transmissão da corrida, da câmera on-board na traseira da Red Bull.

As imagens do cockpit de Verstappen só surgiram na terça-feira e provocaram o pedido da Mercedes por uma nova análise.

A equipe invocou "novas evidências" para pedir uma revisão do caso com base no artigo 14.1.1. do Código Esportivo Internacional da FIA. A esperança era conseguir uma punição contra Verstappen, que poderia perder o segundo lugar no GP, o que reduziria sua folga para Hamilton no Mundial.

O comunicado emitido nesta sexta-feira, no Qatar, onde a F-1 já treina para a 20ª etapa da temporada, começa com uma descrição do que estabelece o tal artigo. Para a FIA reabrir uma investigação, os comissários precisam entender que as novas evidências são "relevantes e significativas".

Diz o texto: "Os comissários não ficam passivamente sentados durante uma corrida, e isso não aconteceu neste caso. Naquele momento, o diretor de prova pediu a visão dos comissários e informou que o incidente estava sendo analisado. A subsequente decisão dos comissários em não seguir com uma investigação formal é o equivalente ao 'segue o jogo' em outros esportes".

A FIA então deixa claro que a reabertura do caso poderia abrir um precedente perigoso: "Por causa dos limites da tecnologia e de transmissão, sempre haverá ângulos indisponíveis no momento de uma análise. Como no futebol, não é desejável que casos sejam reabertos semanas depois do incidente".

Por fim, vem a explicação sobre o novo vídeo não ser considerado significativo.

"No momento da análise, os comissários entenderam que tinham elementos suficientes para decidir, o que foi confirmado pelas declarações dos pilotos após a corrida. Se eles sentissem que as imagens da câmera on-board do carro 33 eram cruciais, eles teriam mantido o incidente sob investigação e esperariam as imagens para decidir após a corrida. Eles não viram necessidade disso", diz a nota.

"A conclusão dos comissários é que as novas imagens não trazem nada excepcionalmente diferente dos ângulos analisados no momento do incidente. Assim, não são significativas", conclui.

Melhor assim. Verstappen endureceu, foi desleal, mas a preocupação da FIA em abrir precedentes me parece mais importante. Num mundo em que todo torcedor num autódromo é também um cinegrafista, o Mundial iria por um caminho infernal se novas imagens passassem a ser sempre aceitas para abrir (ou reabrir) investigações e mudar resultados.