Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Como a Holanda virou o novo país do automobilismo
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A F-1 pode ir buscar na F-E seu próximo candidato a estrela.
O novo alvo é Nick de Vries, 26, que lidera o Mundial de monopostos elétricos faltando duas corridas para o fim do campeonato e que deu show diante de Toto Wolff no fim de semana.
O chefe da Mercedes esteve no circuito de rua de Londres no sábado, acompanhando a 13ª etapa da F-E. Viu De Vries largar em nono e terminar em segundo, numa pista em que todos diziam ser quase impossível fazer ultrapassagens. No domingo, ele também contrariou as previsões dos colegas: largando em quarto, terminou novamente em segundo lugar.
Foi o estopim para o mais novo zunzunzum do paddock: De Vries, que corre para a Mercedes na F-E, pode pintar na Williams no ano que vem, na vaga de George Russell, promovido para companheiro de Lewis Hamilton. A ver...
Campeão da F-2 em 2019, De Vries é holandês. Como Robin Frijns, vice-líder da F-E, seis pontos atrás dele. Como o líder do Mundial de F-1, Max Verstappen. Como Rinus Veekay, melhor novato da Indy em 2020 e vencedor de corrida neste ano.
Não por coincidência, o país voltará a receber a F-1 após mais de três décadas fora do calendário. O primeiro GP da Holanda desde 1985 está marcado para setembro, em Zandvoort.
Mas o que está acontecendo na Holanda? Qual é o motivo para essa geração tão boa? Há alguma ação diferente, algum projeto estrutural sendo desenvolvido por lá?
O site holandês AD Sportwereld lançou-se nessa investigação. Fez perguntas parecidas. Não, não há nenhum programa de desenvolvimento em curso. É geração espontânea, é mera coincidência. Como já aconteceu por aqui.
"É apenas uma fase boa, como aconteceu com os brasileiros e os alemães no passado", disse Robert Doornbos, ex-piloto da F-1 e da Indy na década passada, hoje comentarista de TV. "Não podemos nos acostumar com esse sucesso. Uma hora vai acabar."
Allard Kalff, ex-piloto de categorias de base e hoje apresentador, vai pelo mesmo caminho: "É uma geração muito talentosa, mas é uma onda."
Um amigo que vive na Europa e conhece tudo de automobilismo veio com uma explicação interessante, que chamou de "teoria das cerejas".
"Você puxa uma e várias outras vêm juntas", esclareceu.
Mas qual teria sido a primeira cereja?
Doornbos não foi exatamente um sucesso de crítica. De Vries e Frijns são pouco mais velhos que Verstappen. Veekay é apenas três anos mais novo que o líder da F-1. Todos, no fundo, pertencem basicamente à mesma geração.
Aí entra meu pitaco. A primeira cereja a ser puxada foi alemã: Schumacher.
Lembro de circular por arquibancadas lotadas em autódromos europeus, no início do século, e sempre ver torcedores holandeses apoiando o alemão. Amsterdã fica a 3 horas de carro de Spa, a 4 horas de Nurburgring, a 5 horas de Hockenheim...
O sucesso do piloto do país vizinho, seguido pelo tetracampeonato de Vettel, pode ter animado os holandeses a inscreverem seus filhos em escolinhas de kart. Acho que é uma explicação plausível.
Não dá pra não lembrar da resposta de Jackie Stewart quando questionado, certa vez, sobre o sucesso dos pilotos brasileiros na F-1. "Deve ser a água que eles bebem."
Se algum leitor estiver voltando da Holanda nos próximos dias, por favor, traga uma garrafinha de água mineral... Estamos precisando.
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