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Fábio Seixas

REPORTAGEM

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SP quer F-1 como marco da reabertura do país a grandes eventos com público

Largada da última edição do GP Brasil, em novembro de 2019, no autódromo de Interlagos, em São Paulo - Mark Thompson/Getty Images
Largada da última edição do GP Brasil, em novembro de 2019, no autódromo de Interlagos, em São Paulo Imagem: Mark Thompson/Getty Images

Colunista do UOL

15/06/2021 04h00

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A Prefeitura e o governo estadual de São Paulo querem usar a etapa brasileira da F-1 como um marco da reabertura do país para grandes eventos internacionais com presença de público.

A prova está marcada para 7 de novembro. Até lá, se for cumprido o novo cronograma de imunização anunciado no fim de semana, toda a população adulta do Estado estará vacinada contra covid-19. A esperança é que em outros Estados a vacinação também esteja avançada.

A coincidência de calendários virou celebração. O timing parece perfeito.

A F-1 é hoje um fenômeno global de aumento de popularidade. Em 2021, é exibida em 174 países pela TV tradicional —aberta e fechada— e em 85 países pelo aplicativo F1TV. A audiência média dos GPs no ano passado foi de 87,4 milhões de pessoas ao redor do planeta.

No curto prazo, não há outro evento dessa magnitude no horizonte do país.

A 48ª edição oficial da F-1 no Brasil seria a vitrine perfeita para declarar o país aberto de novo. E, claro, São Paulo quer capitalizar com o feito.

Não faltam motivos. Como se não bastassem a rixa política e os conflitos cotidianos entre o governador João Doria e o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o GP de F-1 também foi motivo de queda de braço entre os dois.

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Jair Bolsonaro após reunião com Wilson Witzel, então governador do Rio, o senador Flávio Bolsonaro e Chase Carey, da Liberty, em junho de 2019
Imagem: Carolina Antunes/PR

Em 2019, Bolsonaro estimou em 99% as chances de a categoria sair de São Paulo para correr no Rio de Janeiro a partir de 2021, num autódromo que seria construído numa área militar, em Deodoro. O plano fracassou, a obra nunca aconteceu e, em novembro do ano passado, Doria e o então prefeito Bruno Covas anunciaram um novo contrato com a F-1, válido até 2025.

Há outro ponto que à época pode ter parecido um detalhe mas que ganha peso nesse cenário de racha entre governos estadual e federal: o novo contrato estabelece que, oficialmente, a corrida passa a se chamar GP de São Paulo, não mais GP do Brasil.

Nos bastidores, o esforço agora é para convencer a F-1 a manter a corrida na programação. Nos últimos meses, quatro GPs já deixaram o calendário por problemas relacionados à pandemia: China, Canadá, Turquia e Singapura.

A Liberty, que comanda comercialmente a categoria, está monitorando a situação nos países que vêm pela frente, especialmente México, Brasil e Austrália. A empresa faz questão de manter 23 etapas da temporada, até como forma de recompensar seus parceiros pelos GPs cancelados em 2020 —entre eles, as corridas desses três países.

Por ora, o Brasil ainda faz parte de uma lista vermelha de países criada pelo governo britânico. Viajantes que saem do Brasil com destino ao Reino Unido precisam desembarcar numa área especial do aeroporto de Heatrow, em Londres, e cumprir quarentena de 10 dias.

Se a condição for mantida, o GP de Interlagos estará inviabilizado.

Sete das dez equipes do grid estão baseadas na Inglaterra, e a etapa brasileira será a última de uma sequência de três domingos no continente americano, após EUA e México.

A corrida seguinte será na Austrália, no dia 21 de novembro. Ou seja, a categoria vai querer, e vai precisar, voltar para casa depois de Interlagos.

Oficialmente, a organização da prova informa que "está trabalhando para realizar o GP de São Paulo de F1, na data prevista de 5 a 7 de novembro" e que os ingressos deverão ser colocados à venda até o final de junho.