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Fábio Seixas

REPORTAGEM

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Equipes foram culpadas por problemas nos pneus, diz jornal

Verstappen se lamenta após acidente no Azerbaijão causado por problema no pneu traseiro esquerdo - Clive Rose/Getty Images
Verstappen se lamenta após acidente no Azerbaijão causado por problema no pneu traseiro esquerdo Imagem: Clive Rose/Getty Images

Colunista do UOL

14/06/2021 12h05

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Oito dias após o GP do Azerbaijão e quatro dias antes dos primeiros treinos para a etapa da França, começam a surgir explicações para os problemas de pneus que tumultuaram a última etapa do campeonato.

Segundo o diário italiano "La Gazzetta dello Sport", a razão para os acidentes de Stroll e Verstappen foi a mesma: pressão mais baixa do que a recomendada pela Pirelli.

Dependendo das circunstâncias, esse é um expediente usado pelas equipes para buscar melhor desempenho.

Em tese, pneus com menos pressão podem aquecer mais facilmente e conseguir mais aderência. Mas há um limite de segurança para isso, informado pela fabricante para as equipes a cada etapa do Mundial.

Extrapolar o limite é sempre um risco. Reduzir a calibragem significa aumentar o desgaste de borracha. Em condições normais, a Pirelli indicava que os pneus duros poderiam ser usados por 40 voltas em Baku. Os pneus de Stroll e Verstappen estavam, respectivamente, com 29 e 33 voltas, ou seja, já chegando ao fim da janela de utilização. A pressão mais baixa pode ter acelerado o processo de degradação.

Oficialmente, a Pirelli ainda não divulgou o resultado das investigações nos pneus. Tudo o que disse até agora é que suspeitava de cortes ou furos causados por pedaços de outros carros espalhados no asfalto.

"Temos que esclarecer os fatos por trás de cada acidente. O que podemos dizer, por ora, é que encontramos um corte no pneu de Hamilton e que aqui o pneu traseiro direito sofre mais do que o esquerdo", disse Mario Isola, chefe da fabricante na F-1, na nota oficial divulgada logo após o GP do Azerbaijão. "Não detectamos vibrações e nenhum outro pneu com esse nível de uso mostrou sinais de desgaste excessivo."

Mas alguma coisa não encaixava nessa tese dos detritos.

Ok, Verstappen, que perdeu o controle do carro e bateu na 48ª volta, pode ter colhido algum pedaço do carro de Stoll, que batera na 29ª na mesma reta. Mas e o canadense? Antes de sua batida não havia acontecido nenhum grande choque.

Quando a "Gazzetta" escreve sobre a Pirelli é bom prestar atenção. As duas empresas têm sede em Milão, na Itália, e o jornal é sempre muito bem informado sobre o que se passa na fabricante de pneus.

Se a informação se confirmar, o caso terá desfecho semelhante ao do GP da Inglaterra de 2013, quando quatro pilotos abandonaram após estouros dos pneus traseiros esquerdos e vários outros passaram perto disso.

Na ocasião, a Pirelli culpou as equipes por levarem os pneus ao limite, inclusive desrespeitando suas recomendações sobre limites de pressão.