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Fábio Seixas

REPORTAGEM

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F-1 ainda busca explicações para pneus estourados em Baku

Verstappen observa seu pneu traseiro esquerdo após acidente no GP do Azerbaijão, domingo - Clive Rose/Getty Images
Verstappen observa seu pneu traseiro esquerdo após acidente no GP do Azerbaijão, domingo Imagem: Clive Rose/Getty Images

Colunista do UOL

08/06/2021 04h00

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Pneu na F-1 é como juiz de futebol: quando passa despercebido, é sinal de que tudo deu certo.

Pois então tudo deu errado em Baku. Dois dias depois da corrida, os pneus continuam sendo assunto. A Pirelli ainda busca explicações para os problemas que mudaram os rumos da sexta etapa do Mundial.

Primeiro, com Stroll. O canadense fazia uma boa corrida, largando com pneus duros e amparado numa estratégia diferente da maioria, quando viu seus esforços irem pelos ares na 29ª das 51 voltas do GP. Com um problema no pneu traseiro esquerdo, ele perdeu o controle do carro e bateu no muro, exigindo a intervenção do safety car.

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Carro de Lance Stroll ficou destruído após problema no pneu e batida no GP do Azerbaijão
Imagem: Clive Rose/Getty Images

Depois, com Verstappen. Ele liderava a prova com relativa tranquilidade quando também teve sua corrida destruída. As circunstâncias foram bem parecidas: pneu traseiro esquerdo, reta principal do circuito, muro. No caso dele, o prejuízo foi maior: o holandês poderia ter ampliado a vantagem para Hamilton na ponta do campeonato.

Há outras semelhanças entre os acidentes.

Ambos usavam os pneus mais duros à disposição no fim de semana, tipo C3. A gama de ofertas da Pirelli vai de C1 a C5, da borracha mais dura para a mais macia. A empresa levou para Baku os compostos C3, C4 e C5.

Tanto num caso como no outro, os pneus estavam dentro da janela normal de utilização: 29 voltas para Stroll, 33 para Verstappen. A fabricante previa bom desempenho dos compostos duros por 40 voltas.

Nas declarações após a corrida, a Pirelli disse acreditar que os pneus tenham sofrido cortes ou furos ao passar por detritos, pedaços de outros carros.

"Temos que esclarecer os fatos por trás de cada acidente. O que podemos dizer, por ora, é que encontramos um corte no pneu de Hamilton e que aqui o pneu traseiro direito sofre mais do que o esquerdo", disse Mario Isola, chefe da fabricante na F-1.

"Não detectamos vibrações e nenhum outro pneu com esse nível de uso mostrou sinais de desgaste excessivo. Não podemos excluir a possibilidade de a causa ter sido externa, embora saibamos que essas coisas não devessem ocorrer e entendamos a necessidade de respostas."

Até agora não houve mais nenhuma nota oficial. Ou seja, ainda não se sabe o que aconteceu.

Antes mesmo da empresa se pronunciar, Verstappen já ironizava o comunicado.

"Já sei qual vai ser o resultado e é difícil de aceitar. Sempre tem a ver com pedaços de fibra de carbono na pista", declarou o holandês. Seu pai, o ex-piloto Jos Verstappen, pegou mais pesado: afirmou que é hábito da Pirelli negar qualquer culpa em incidentes assim.

Ex-diretor técnico da Jordan e da Jaguar e hoje comentarista de F-1, o irlandês Gary Anderson engrossou o ceticismo sobre as causas dos abandonos. "Nunca fui crítico da Pirelli, mas essa situação demanda uma investigação profunda. Vidas são colocadas em risco quando pneus falham", escreveu no Twitter.

Nenhuma palavra, porém, será mais forte do que a imagem do líder do campeonato chutando o pneu ao abandonar a corrida. Já é o suficiente para a convocação de um comitê de crise.

O caso do fim de semana lembrou o GP da Inglaterra de 2013, quando quatro pilotos abandonaram após estouros dos pneus traseiros esquerdos e vários outros passaram perto disso.

Na ocasião, a Pirelli culpou as equipes por levarem os pneus ao limite, da montagem nas rodas, passando pela pressão utilizada e terminando pela forma como os pilotos estavam atacando a zebra.