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Fábio Seixas

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Sensações em 2020, Aston Martin e AlphaTauri despencam na F-1

Pierre Gasly, da Alpha Tauri, no GP da Espanha 2021 - Peter Fox/Getty Images
Pierre Gasly, da Alpha Tauri, no GP da Espanha 2021 Imagem: Peter Fox/Getty Images

Colunista do UOL

12/05/2021 04h00

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As duas começaram a temporada 2021 da F-1 com expectativas de grandes resultados, sonhando com voos mais altos, falando grosso.

Viveram, afinal, um 2020 de ascensão e tinham fortes motivos para acreditar que este ano seria ainda melhor.

Até agora, porém, nada disso se concretizou.

Pelo contrário. As quedas foram vertiginosas. É fato: Aston Martin e AlphaTauri estão hoje entre as grandes decepções da temporada.

O pior caso é o da equipe inglesa, que em 2020 se chamava Racing Point e foi a quarta colocada no Mundial de Construtores, atrás apenas de Mercedes, Red Bull e McLaren.

Seu desempenho foi tão bom que gerou protestos das rivais. A acusação, levada à FIA, é que havia copiado (ou herdado) soluções da Mercedes, de quem compra motores. Os bons resultados lhe valeram até um apelido: Mercedes Rosa. O time foi punido, mas mesmo assim terminou 2020 em alta.

vettel espanha - Clive Mason/Getty Image - Clive Mason/Getty Image
Vettel, da Aston Martin, em Barcelona
Imagem: Clive Mason/Getty Image

Foram quatro pódios durante o campeonato, culminando com a vitória heroica de Pérez no GP de Sakhir. Ao fim do ano, a Racing Point exibia, orgulhosa, 195 pontos, apenas 7 de diferença para a McLaren, terceira colocada.

Para este ano, os planos eram ainda mais ambiciosos. A equipe, que nasceu como Jordan nos anos 90 e passou por vários donos e nomes desde então, foi rebatizada com uma marca das mais clássicas: Aston Martin. Atraiu um patrocinador de peso, a Cognizant, empresa americana de tecnologia. E contratou um piloto de ponta —e dos mais caros—, o tetracampeão Vettel.

Nas pistas, no entanto, vem sendo um fracasso. Em quatro GPs até agora, marcou apenas 5 pontos —no ano passado, a esta altura, já tinha 27. Passou zerada pelos dois últimos GPs. Na tabela, só está à frente das equipes que não pontuaram: Alfa Romeo, Williams e Haas.

Pelo paddock, já circula uma piada com um quê de verdade: espera-se, para qualquer momento, uma explosão de nervos do multimilionário Lawrence Stroll, dono do time e pai de Lance, companheiro de Vettel. As câmeras da Netflix que se preparem.

O tombo da AlphaTauri foi menor, mas a decepção está no ar. Assim como a sensação de que 2020 pode ter sido um ponto fora da curva, fogo de palha.

A equipe-satélite da Red Bull, que um dia nasceu como Minardi, fechou a temporada passada com 107 pontos e uma vitória, de Gasly, em Monza. Após quatro GPs em 2020, somava 13 pontos. Hoje são 10.

O problema é que o time projetava muito mais. Em fevereiro, apresentou seu carro para esta temporada com novidades aerodinâmicas e mecânicas que julgava promissoras: um bico largo e um sistema de suspensão desenvolvido em conjunto com a Red Bull. Em março, nos três dias de pré-temporada no Bahrein, fez bonito. Gasly foi o vice-líder no segundo dia, posição que Tsunoda repetiu no último teste.

Em GPs, a equipe está distante desse desempenho. O japonês só pontuou na primeira etapa do campeonato, quando foi o nono colocado. Gasly foi sétimo em Imola e apenas décimo nas duas corridas seguintes.

"Precisamos entender o que aconteceu. Demos um passo pra trás em comparação ao começo do ano", disse o francês, em Barcelona.

O lado positivo para essas equipes é que o campeonato é longo: há 19 corridas pela frente para buscar uma recuperação.

O lado ruim é exatamente o mesmo. O sofrimento pode durar até o GP de Abu Dhabi, em dezembro.

Até agora, pelo que (não) se viu, a segunda opção parece mais realista.