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Andretti quer piloto dos EUA na F-1 e tem razão
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Campeão da F-1 em 1978, Mario Andretti tem 81 anos e é um senhor ativo e lúcido. Muito lúcido. Coube a ele colocar o dedo numa ferida, tocar num assunto que precisa ser discutido: os critérios da FIA para conceder a superlicença.
O assunto surgiu nos últimos dias, após a vitória de Colton Herta no GP de St.Petersburg, segunda etapa da Indy, na Flórida.
Foi o quarto triunfo do americano de 21 anos na categoria. Ele tinha 18 quando ganhou pela primeira vez, no Circuito das Américas, no Texas, o que fez dele o mais jovem vencedor da história da Indy.
"Sei que há regras, que há a necessidade de testes... Mas aquele garoto russo consegue a superlicença e o cara que está pilotando no mais alto nível aqui não? Alguma coisa está errada", disse o americano em entrevista para a "Autosport".
A referência, claro, é a Mazepin. Mas em que pese o fato de o russo ser um dos maiores idiotas que já passaram pela F-1, a verdade é que ele fez uma carreira consistente nas categorias de base. Cumpriu duas temporadas na Fórmula 2 _com duas vitórias_, correu na GP3, na F-3 europeia e na F-Renault. Fez por merecer a superlicença.
A questão não é o russo ter o aval para disputar a F-1. É Herta não ter.
O problema está nos critérios da FIA para conceder o documento _que, aliás, é um documento mesmo, de papel, como a sua CNH.
São seis as exigências da FIA para a emitir a superlicença a um piloto:
- Idade mínima de 18 anos para competir na F-1
- Possuir licença Internacional Categoria A, ou seja, disputar um campeonato internacional
- Possuir carteira de motorista (sim, acredite)
- Passar por um teste teórico sobre o código esportivo da F-1 e os regulamentos da categoria
- Fazer duas temporadas de uma lista de campeonatos de fórmula, disputando ao menos 80% das corridas de cada uma
- Nesses mesmos campeonatos, acumular ao menos 40 pontos nas últimas três temporadas segundo uma tabela do Código Esportivo Internacional da FIA.
A Indy está nessa lista de campeonatos. Mas tem peso menor do que a F-2 nessa tabela da FIA. Um terceiro lugar no campeonato da F-2, por exemplo, já dá a um piloto 40 pontos e a superlicença. Na Indy, só o campeão recebe tantos pontos. Mais: a partir do terceiro colocado no campeonato, a tal tabela iguala Indy e F-3, o que claramente é um despropósito.
É este o ponto. E Andretti, que um dia fez a travessia do Atlântico para conquistar a F-1 no fim dos anos 70, hoje enxerga que essa transição está muito mais complicada.
"A base de fãs da F-1 nos EUA é subestimada, mas precisa de uma motivação. O que realmente está faltando é um piloto americano. Estou dando toda força para o Colton. E é bom lembrar que ele foi correr na Inglaterra, sozinho, quando tinha 15 anos", disse Mario.
Colton corre na Indy pela Andretti, equipe do seu filho, Michael.
O mercado americano é uma velha obsessão da F-1. Mas, para conquistar o público _e os consumidores_ de lá, um piloto do país no grid de largada é peça-chave. O último americano a correr uma temporada completa na categoria foi Scott Speed, há longínquos 15 anos.
Desta vez, algumas circunstâncias podem ajudar.
A mais evidente delas, o fato de que uma empresa americana, a Liberty, hoje comanda comercialmente a F-1.
Há, ainda, o anúncio da FIA de que os EUA terão um segundo GP no ano que vem, em Miami.
E, agora, há a presença de um cabo eleitoral de peso, um campeão do mundo, pedindo uma chance para seu pupilo.
Para chegar aos 40 pontos da superlicença, Colton precisa terminar a temporada da Indy no mínimo em terceiro lugar. Se estivesse na F-2, um quinto lugar bastaria.
Já passou da hora de a FIA rever esse protecionismo.
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