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Fábio Seixas

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

A dor de ver uma Ferrari histórica no muro

Jean Alesi deixa a Ferrari 312B3 após acidente no GP Histórico de Mônaco - Reprodução
Jean Alesi deixa a Ferrari 312B3 após acidente no GP Histórico de Mônaco Imagem: Reprodução

Colunista do UOL

26/04/2021 15h26

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Aconteceu ontem em Mônaco. E as imagens estão rodando o mundo.

Uma Ferrari histórica, a 312B3 que Lauda pilotou em 1974, estatelada num muro com asas dianteira e traseira avariadas. Um carro avaliado em US$ 6 milhões (cerca de R$ 30 milhões), mas com valor afetivo incalculável para quem gosta de F-1.

O evento era um Grand Prix Histórico do principado, no tradicional circuito usado pela F-1, parte de um festival de velocidade que culminará exatamente na quinta etapa do Mundial, em 23 de maio.

Ao volante da Ferrari estava um ex-piloto da escuderia italiana, Jean Alesi. Havia outras 15 preciosidades inscritas na sua categoria, modelos construídos entre 1973 e 1976, como uma McLaren M265 e um Hesketh 308B.

A corrida teve 18 voltas. Alesi era o segundo no grid e pulou para a liderança logo na largada. Ultrapassou Marco Werner, um tricampeão de Le Mans, que fizera a pole com outro carro lindíssimo, a Lotus 77.

Começou então uma perseguição feroz, com Werner tentando passar o francês a todo instante, de qualquer jeito. Mas Alesi ia resistindo. Os dois quase se tocaram algumas vezes até que a coisa realmente ficou séria.

A três voltas do fim, Werner tocou a traseira da Ferrari, que se arrebentou no muro. Ele foi punido pela direção de prova, terminou em terceiro lugar, mas isso já não importa. Os melhores (ou piores) momentos da prova estão no vídeo que ilustra este post. A tragédia acontece a 1min20s.

O mercado de carros antigos da F-1 movimenta fortunas todos os anos, normalmente em leilões concorridos na Europa, nos EUA e no Oriente Médio. Há dois anos, uma Ferrari usada por Lauda em 1975 foi vendida na Califórnia por US$ 6 milhões.

Há quem prefira guardar os carros na garagem ou na sala de casa, protegidos de poeira e arranhões. Mas há quem não se importe em colocá-los para bater roda em provas como a de Mônaco.

Para um milionário que se dá ao luxo de arriscar uma Ferrari 312B3 nas ruas do principado, o valor do conserto não deve doer no bolso. Para os fãs, cala fundo. Dói na alma.