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Eliana Alves Cruz

Eliana Alves Cruz: Vivendo e aprendendo a jogar

Muhammad Ali nocauteia Sonny Liston em 1965: boxeador foi um dos ícones do movimento negro nos anos 60 - Neil Leifer
Muhammad Ali nocauteia Sonny Liston em 1965: boxeador foi um dos ícones do movimento negro nos anos 60 Imagem: Neil Leifer

07/07/2020 15h04

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A música de Guilherme Arantes, imortalizada na voz e Elis Regina nos anos 80, brinca com ditados e clichês para falar da vida. Começo neste espaço talvez para falar de alguns desses "lugares comuns", pois poucas atividades humanas reúnem mais metáforas para a vida do que o esporte: "Nem sempre ganhando, nem sempre perdendo, mas aprendendo a jogar".

O mundo vive o ano de 2020 dentro de um furacão. Um vendaval que trancou dentro das casas o planeta inteiro, mas que tirou das sombras as hipocrisias que historicamente nos formaram. A partida está toda desenrolando em velocidade nunca antes vista. O assassinato de um homem negro no norte da América deflagrou protestos em todas as partes do globo, parecendo uma continuação de um seriado começado nos anos 60 e brutalmente interrompido quando líderes negros foram covardemente silenciados em suas falas por igualdade.

Nos anos 60 que hoje parecem tão distantes, atletas tiveram seu importante papel na história que mudou aquela sociedade. E agora? Até que ponto é no entorno de campos, quadras, piscinas e pistas que se perpetuam todos os preconceitos, exclusões e injustiças? Qual o real poder de transformação e interferência das modalidades, dos atletas, dos profissionais que erguem ídolos? Esporte é apenas entretenimento e diversão? As questões são muitas. Aprender a jogar é ter coragem de fazer perguntas.

É fácil observar que o mundo esportivo às vezes se julga fora do planeta, fora da sociedade que o criou. Entidades poderosas se ergueram criando regras próprias e por vezes ignorando as demandas da sociedade. O exemplo maior são as regras para sediar os mega eventos. Critérios tão pesados que interferem no cotidiano dos cidadãos das cidades e/ou países por anos... e nem sempre positivamente.

Esporte e sociedade nem sempre jogam junto, mas que podem se complementar e formar uma dupla ataque imbatível. "Nem sempre ganhando, nem sempre perdendo, mas aprendendo a jogar".