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Diogo Silva

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Seleção brasileira de breaking é convocada rumo a Paris; veja curiosidades

A b-girl Toquinha, da comunidade Recanto dos Humildes em Perus, em São Paulo, faz parte da seleção - Pedro Santi/UOL
A b-girl Toquinha, da comunidade Recanto dos Humildes em Perus, em São Paulo, faz parte da seleção Imagem: Pedro Santi/UOL

28/12/2021 04h00

O CNDD (Conselho Nacional de Dança Desportiva) convocou, na última quarta-feira (23) a primeira seleção brasileira de breaking da história do país.

Os atletas foram chamados pelo departamento técnico da entidade, que se baseou no histórico dos competidores, nos títulos conquistados e no potencial futuro.

O orçamento previsto para o breaking é de R$ 2,5 milhões, sendo que uma metade da quantia vai direto para o CNDD, enquanto a outra será administrada pelo COB (Comitê Olímpico Brasileiro).

O calendário oficial do breaking será divulgado só em março. A questão é que, no Brasil, o orçamento é desenhado nos últimos três meses do ano anterior e, sem um planejamento internacional, faltariam recursos pelo desconhecimento do que será estipulado como calendário.

A equipe foi formada com oito homens e oito mulheres. Há tanto atletas com experiência internacional, como o "B.Boy Bart" - que ficou entre os oito melhores do mundo em novembro de 2021 -, quanto jovens talentos, como a "B.Girl Toquinha", da comunidade Recanto dos Humildes, em Perus, São Paulo.

A seleção brasileira foi convocada para iniciar o calendário de 2022 e, assim, dar o pontapé na preparação para entrar na corrida olímpica até Paris 2024. Desta forma, O breaking nacional terá dois anos de preparação até iniciar as disputas de vagas para o evento.

Estamos confirmados?

O fato de o esporte ter se tornado uma modalidade olímpica não significa necessariamente que o Brasil terá participantes representando o país na França.

Recentemente, tivemos os casos da escalada e do karatê - as duas modalidades entraram no ciclo para Tóquio, assim como o surfe e o skate, mas não conseguiram nenhuma vaga.

O CNDD, onde se encontra o departamento do breaking, é filiado à WDSF (World Dance Sport Federation) terá uma grande "corrida contra o tempo" por dois grandes motivos.

Primeiro por ter 12 meses a menos em sua agenda olímpica por conta do adiamento das Olimpíadas de Tóquio, que eram previstas para 2020 e ocorreram em 2021.

O segundo "obstáculo" é a própria estreia da modalidade no ciclo olímpico: o breaking terá que realizar uma rápida adaptação a esse "novo mundo".

Essa série de adaptações implicam na governança (agora como modalidade olímpica), cumprindo as exigências do COB, da Secretaria Especial do Esporte e da Lei Pelé.

Para o universo competitivo, os atletas também vão precisar se mexer, aprendendo como funciona o controle de doping - que possivelmente será uma novidade para a classe - e realizando treinos e competições que acarretam em preparação prolongada, com duras jornadas que exigirão muito do corpo e da mente.

Uma coisa é certa: a chance de sucesso do breaking em Paris é altíssima e, por isso, devemos aprender as novas nomenclaturas que a dança de rua e a cultura hip hop têm:

B.Girl e B.boy: são os homens e mulheres que dançam e praticam o Breaking.

Crew: grupo de dançarinos.

Batalha: torneios e modelos de competições (que podem ser em grupo, em duplas e individual).

Cypher: é o termo usado para quando os dançarinos se reúnem em um círculo e, um por um, dançam dentro dele. Algumas competições usam isso para determinar quem será escolhido para torneios principais.