Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
COB lança primeiro programa educacional de combate ao racismo no esporte
O COB (Comitê Olímpico Brasileiro) faz hoje, às 18h, no Canal Olímpico, o lançamento do programa educacional de combate ao racismo, intitulado como "Esporte Antirracista: Todo Mundo Sai Ganhando".
O programa é gratuito e pode ser acessado virtualmente por atletas, técnicos e gestores do esporte da formação a alta performance.
Com carga horária de 30 horas, o curso é dividido em três módulos: Será que ainda existe racismo no Brasil?; Aprendendo os conceitos; Sejamos todos e todas antirracistas.
O conceito do antirracismo tornou-se público com a ativista e uma das vozes mais potentes do Partido das Panteras Negras na década de 70, a filósofa e escritora Angela Davis.
Angela nos ensinou que o combate ao racismo não é único e exclusivo de um grupo étnico, até porque não foi a população negra quem o criou. O racismo atinge a sociedade como um todo e, sendo parte dela, precisamos combatê-lo em conjunto.
O vídeo promocional sobre o programa já está circulando nas redes sociais e tem a presença de grandes atletas brasileiros, de diferentes grupos étnicos para demonstrar que essa luta não é só do negro, mas sim de todos nós.
A live de lançamento contará com as presenças de Daiane dos Santos, campeã mundial de ginástica, de Rogério Sampaio, diretor-geral do COB, de Fábio Eon, coordenador do programa de Ciências Humanas e Sociais da Unesco, e de Djamila Ribeir, escritora e filósofa. A mediação ficará por conta da jornalista Dulceia Novaes.
O IOB (Instituto Olímpico Brasileiro), braço educacional do COB, convidou Djamila Ribeiro para ser mentora do projeto. Ela é autora das obras:
- O que é lugar de fala? (2016)
- Quem tem medo do feminismo negro? (2018)
- Pequeno manual antirracista (2019)
Reconhecida mundialmente, Djamila teve o livro "O Pequeno Manual Antirracista", um dos mais vendidos no Brasil, traduzido para o francês e para inglês.
A criação do programa é uma resposta positiva dentro do combate ao racismo no esporte. Não podemos deixar de parabenizar o COB pela iniciativa, mesmo sabendo que poderíamos avançar ainda mais criando políticas de boas práticas de governança, estimulando a inclusão e a contratação de profissionais negros em cargos de liderança. São formas de combater o racismo estrutural que impacta na igualdade de oportunidades, no desenvolvimento social, na estabilidade econômica e na equidade de gênero e raça.
Podemos incluir também no combate ao racismo a valorização de atletas como Fofão, do vôlei, que foi a cinco Jogos Olímpicos e conquistou um ouro e dois bronze; e Formiga, do futebol feminino, com quatro participações olímpicas e a conquista de duas medalhas de prata.
Apesar do protagonismo e importância para o país, as duas atletas ainda não foram indicadas para o Hall da Fama do COB, criado em 2018, para homenagear grandes atletas brasileiros.
A invisibilidade é um marco do racismo que atinge gerações e gerações de atletas, principalmente as mulheres negras. Outro exemplo é Soraia André, do Judô. Primeira mulher brasileira a participar de uma edição olímpica nas artes marciais, ela esteve nos Jogos Olímpicos de 1988, em Seul, e 1992, em Barcelona, mas também não foi homenageada.
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